quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Padrões de urbanização no Mundo

Algo notável aconteceu em 2008 de acordo com os dados oficiais das Nações Unidas: pela primeira vez na história, mais de 50% da população humana vive nas cidades.

Existem uma série de factores que tornam as cidades distintas dos outros lugares. Primeiro, as cidades têm uma concentração elevada de população. Por definição, uma área urbana é uma área com uma determinada densidade populacional mínima, normalmente considerada de 2000 ou 5000 pessoas. Obviamente que as maiores cidades não têm milhares mas sim milhões de habitantes e as mega-cidades têm mais de 10  milhões de habitantes.

As maiores cidades do Mundo em população
(Fonte: http://www.newgeography.com/files/cox-wua-16-3.jpg)

Segundo, as cidades distinguem-se pelo tipo de actividades económicas que albergam. Enquanto que uma pequena parte da actividade dizem respeito ao sector primário, a maior parte corresponde a actividades do sector da indústria e serviços. Em países mais ricos, o sector dos serviços é dominante.

Terceiro, as cidades são áreas importantes de produtividade para as economias nacionais. O output médio por pessoas em áreas urbanas é normalmente duas a três vezes maior do que em áreas rurais dentro do mesmo país.

Quarto, as cidades são locais com uma quantidade enorme de inovação, que surge dentro de universidades, laboratórios de investigação e grandes empresas, na procura de lançar novos produtos para o mercado.

Quinto, as cidades são centros de negócios, onde uma quantidade tremenda da actividade envolve a troca de bens. As cidades existem de facto como centro de concentração para facilitar o comércio, a troca e contratos, suportados pela proximidade entre compradores e vendedores.

Sexto, as grandes cidades situam-se na costa ou perto dela para tirar vantagem do transporte marítimo de mercadorias e assim baixar o custo dos produtos. Algumas situam-se nos estuários de grandes rios.

Sétimo, as cidades são locais com rápido crescimento populacional e os únicos locais onde a população está a crescer, já que a população rural já atingiu o seu pico.

Oitavo, as cidades são frequentemente locais de grande desigualdade, colocando ricos e pobres a viver lado a lado.

Nono, as cidades gozam de enormes vantagens de economias de escala e de oportunidades, significando que a sua produtividade é melhorada pela dimensão dos mercados que oferecem, e assim tornam possível uma enorme gama de actividades, profundidade de especializações e enorme escala de produção.

Décimo, as cidades enfrentam grandes desafios chamados de "externalidades urbanas", resultado da grande densidade populacional e das actividades económicas. As cidades têm que lidar com a poluição da água e do ar, grandes congestionamentos de trânsito, rápida transmissão de doenças, se não devidamente controladas e têm potencial para fenómenos de crime e violência.

À medida que a economia mundial continua a crescer e a desenvolver-se no século XXI e que a produtividade rural aumenta, espera-se que as áreas urbanas continuem a crescer. A Divisão da População das Nações Unidas prevê que as áreas urbanas representem 60% da população até 2030 e 67% até 2050. Por outras palavras, a população passará de 7.2 mil milhões para mais de 8 mil milhões.

Evolução da população rural, global e total a nível global
(Fonte: http://ubclfs-wmc.landfood.ubc.ca/webapp/media/WID/water-issues-in-international-development/global-water-issues/Urban-Rural_3.png)

Ásia e África são as duas regiões mais dinâmicas no que toca à urbanização. Algo notável está a acontecer: a distribuição global da urbanização está a mudar. De acordo a figura abaixo, em 1950, 38% da população urbana estava na Europa. Juntamente com a América do Norte, constituam 53% da população urbana. Espera que até 2050, a Europa terá apenas 9% da população urbana, de acordo com as Nações Unidas.

Percentagem da população em áreas urbanas por região entre 1950-2050
(Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c8/Percentage_of_Population_Living_in_urban_areas_1950-2050.png)

O mesmo acontece com a dinâmica das grandes cidades. Em 1950, existiam apenas 2 mega-cidades com mais de 10 milhões de pessoas, ambas em países desenvolvidos: Tóquio e Nova Iorque. Em 1990, existiam 10 mega-cidades: 4 em países com rendimentos mais elevados e 6 em países em desenvolvimento. Em 2011, existiam 23 mega-cidades: apenas 5 em países com rendimentos elevados e 17 em países em desenvolvimento. Em 2015, existiam 29 aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes e segundo as previsões das Nações Unidas existirão 36 mega-cidades, sendo que somente 7 delas estarão nos países mais desenvolvidos.

Distribuição da população urbana mundial em 1950, 2011, 2050
(Fonte: https://goo.gl/wkHWwc)
Fonte:
The Age of Sustainable Development - Jeffrey D. Sachs

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