terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Papel da geografia para a pobreza

A geografia é o quarto item da análise diferencial da pobreza que muitas vezes tende a ser esquecido como factor que contribuí para a existência de pobreza. Os países tropicais são geralmente mais pobres do que os países de zonas temperadas. Países sem acesso à costa marítima são geralmente mais pobres do que os países com costa. Países que são vulneráveis aos perigos de terramotos e tufões nas Caraíbas e na região Ásia-Pacífico pagam um preço a longo-prazo.

Outro aspecto está relacionado com o mapa das maiores áreas urbanas do mundo que mostra que existe uma grande proporção de grandes cidades ao longo das costas dos continentes. As grandes cidades no interior dos continentes encontram-se frequentemente ao longo de grandes rios. A proximidade da costa, portos e rios tem sido fundamental para promover uma alta produtividade e permitir um elevado grau de comércio internacional e crescimento económico.

Povoações de acordo com o número de habitantes
(Fonte: http://sedac.ciesin.columbia.edu/downloads/maps/grump-v1/grump-v1-settlement-points/globalpoints.jpg)

Os países da Europa Ocidental, o Reino Unido e a Península Arábica, entre outros, estão muito perto de portos e portanto, tem a grande vantagem de poder usufruir de condições de transporte low-cost. A Grã-Bretanha beneficiou imenso dessa vantagem no século XVIII no período da Revolução Industrial. Para além disso, a topografia da Inglaterra também favoreceu a construção de canais de baixo custo em lugares onde os rios não alcançavam. 

Grandes países continentais como a Rússia, têm uma grande desvantagem. A maior parte das cidades russas e zonas industriais estão longe no interior do país e enfrentam grandes distâncias por terra para chegar aos portos marítimos. Um número significativo de países da África subsariana (16) não têm acesso ao mar. África tem o número mais elevado de nações cercadas por terra.


Distância média ao porto mais importante em quilómetros
(Fonte: The Age of Sustainable Development)

A energia está no centro de toda a actividade económica, seja agricultura, indústria, serviços ou transportes. A distribuição geológica dos combustíveis fósseis é bastante variável em todo o mundo. Algumas partes do mundo possuem grandes quantidades de reservas de combustíveis fósseis, enquanto que outros lugares não têm praticamente nenhumas. A Inglaterra, Europa Ocidental e os Estados Unidos tem muito carvão mas a África subsariana não tem praticamente nenhum, No que diz respeito a petróleo, a Arábia Saudita tem as maiores reservas do mundo, seguida do Irão, Iraque, Kuwait e Emiratos Árabes Unidos.

Quem tem o petróleo?
(Fonte: http://www.energybulletin.net/image/uploads//map01_1024.jpg)

Outro aspecto relacionado com a geografia que produz diferenças no crescimento de longo prazo e no desenvolvimento sustentável é o clima. O clima tem um enorme efeito na produtividade das culturas, propagação de doenças, escassez ou disponibilidade de água e vulnerabilidade a desastres naturais.

Classificação climática de Koppen
(Fonte: http://gisweb.ciat.cgiar.org/metadata/atlasbiofort/Climate.jpg)

As zonas tropicais são caracterizadas por temperaturas quentes ao longo do ano. Estas condições colocam desafios na produção de alimento e na propagação de doenças como a malária. Nas zonas áridas onde a precipitação é baixa, a capacidade de cultivar é reduzida ou quase inexistente. Está é a região onde a pastorícia tende a dominar e onde milhões de pessoas ainda seguem um estilo de vida nómada. Desta forma, não é surpreendente que estas regiões sejam particularmente vulnerável a pobreza extrema.

Em suma, a geografia não impede o desenvolvimento mas torna evidente os tipos de investimentos necessários para ultrapassar os obstáculos que ela coloca.

Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

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