sexta-feira, 12 de maio de 2017

Quantas pessoas pode o planeta suportar?

Durante a maior parte da história, a população humana cresceu a um ritmo lento mas nos últimos 200 anos, cresceu a um ritmo acelerado, resultando na curva tipo J característica do crescimento exponencial.

Os três principais factores que levaram a este aumento populacional. Primeiro, os humanos desenvolveram a capacidade de se expandir para quase todas as zonas climáticas e habitats do planeta. Segundo, o aparecimento da agricultura antiga e moderna permitiu à humanidade produzir mais alimento por unidade de área cultivada. Terceiro, as taxas de mortalidade caíram abruptamente devido à melhoria das condições sanitárias e de saúde e o desenvolvimento de antibióticos e vacinas que ajudaram a controlar doenças infecciosas. Durante os últimos 100 anos, o crescimento da população mundial ocorreu maioritariamente devido à queda abrupta das taxas de mortalidade.

Cerca de 10.000 anos atrás, quando começou o período da agricultura, existiam cerca de 5 milhões de pessoas no planeta, agora existem mais de 7,5 mil milhões de pessoas. Desde que chegamos à Terra até 1927, os primeiros 2 mil milhões de pessoas foram adicionados à Terra. Foram precisos menos de 50 anos para adicionar os seguintes 2 mil milhões (até 1974) e apenas 25 anos para adicionar os próximos 2 mil milhões (até 1999).

História da população mundial
(Fonte: www.astro.sunysb.edu/fwalter/HON301/GEAS_Jun_12_Carrying_Capacity.pdf)

O ritmo de crescimento populacional tem abrandado mas a população mundial ainda cresce exponencialmente a um ritmo de cerca de 1,21% ao ano. Isto significa que cerca de 80 milhões de pessoas são adicionadas todos os anos, o que dá uma me´dia de 227.000 por dia ou 2 pessoas a cada batimento cardíaco.

As previsões da população mundial para o ano de 2050 apontam para que sejamos cerca de 7,5 a 10,8 mil milhões, como uma previsão média de 9,6 mil milhões de pessoas. As possibilidades de a população mundial estabilizar são muito reduzidas num futuro próximo mas durante este século, a população mundial passará de um crescimento característico de uma curva forma de J para um crescimento característico de uma curva em forma de S.

A pergunta que se levanta é: Quantas pessoas pode o planeta suportar? Alguns especialistas acreditam que esta é uma questão errada. Em vez disso, eles pensam que devemos perguntar: Qual é a capacidade de carga do planeta? Ou seja, qual o máximo número de pessoas que podem viver uma certa liberdade e conforto indefinidamente, sem comprometer a capacidade da Terra em suster as gerações futuras.

Capacidade de carga do planeta

As tentativas de se chegar à capacidade de carga do planeta datam pelo menos desde o século 17. O cientista belga Antoni van Leeuwenhoek estimou que se a população da Holanda na altura (1 milhão de pessoas) fosse extrapolada pela área inabitada do globo, esta seria de 13 mil milhões de pessoas. Desde Leeuwenboek, muitas mais estimativas foram sendo feitas para avançar um número. O intervalo dessas estimativas é enorme e tenderam a convergir para um intervalo mais apertado. Um estudo olhou para 94 estimativas dos limites superiores da população da Terra e encontrou estimativas desde 500.000.000 até 1 000 000 000 000 000 000 000. Esta diferença é explicada por métodos utilizados calcular a estimativa.

Capacidade de carga da Terra de 65 estimativas
(Fonte: www.astro.sunysb.edu/fwalter/HON301/GEAS_Jun_12_Carrying_Capacity.pdf)

Muitos estudos assumiram um único factor a restringir a população como o máximo de população que pode ser suportado pela disponibilidade de alimento. Uma variação mais sofisticada deste método assume um conjunto de possíveis restrições como alimento, água e combustível e o factor que entrasse em falta, determinaria o limite da população. Uma outra abordagem ainda mais sofisticada identifica diversos factores e também leva em conta a interdependência dessas variáveis. À medida que estes métodos se tornam mais avançados, têm de incorporar mais factores, que geralmente apenas podem ser estimados ou ter valores incertos.

As escolhas sociais e individuais ao nível do que é "necessário" para o bem-estar e as privações que poderiam ser toleradas no futuro podem ser estimadas dentro de um intervalo plausível. Qual é a quantidade de alimento, medicamentos, calor, roupa, água e abrigo que podemos assumir como sendo o necessário para cada individuo no futuro? Como podem estes ser distribuídos de forma igual?

No final, o resultado destas tentativas de estabelecer um tecto para a população humana sustentável parece destinado à incerteza. No entanto, poderá ser mais importante entender a dinâmica do sistema complexo do qual a população depende. Os modelos que captem as dinâmicas chave do sistema Terra podem servir como mapa para as escolhas que terão impacto no nosso futuro colectivo.

Fontes: