domingo, 27 de dezembro de 2015

Desafios do Sul da Ásia

O Sul da Ásia está a fazer um progresso notável na redução da pobreza, mas ainda possui cerca de 500 milhões de pessoas nessa condição dos 1.600 milhões do total da população na região. Existem ainda grandes desafios nas áreas rurais quer nas áreas urbanas.

O que distingue o Sul da Ásia das restantes regiões é a sua extraordinária densidade populacional. A Índia, por exemplo, tem 1.200 milhões de habitantes, cerca de 16% da população mundial, que vivem numa área que corresponde a 2,5% do total da área terrestre da Terra e, muitas zonas da Índia são bastante secas e mesmo deserto. 

Densidade populacional em 2015
(Fonte: https://i.ytimg.com/vi/5k40HlPC1ak/maxresdefault.jpg)
A Índia e o seu vizinho Bangladesh são os dois países mais densamente povoados do mundo. O Bangladesh tem média 1.200 pessoas por quilómetro quadrado. A Índia tem cerca de 410 por quilómetro quadrado. Por comparação, os Estados Unidos têm cerca de 32 pessoas por quilómetro quadrado, cerca de 10 vezes menos.

As implicações deste facto tem sido adversas. Muitas pessoas nos anos 50 e 60 pensaram que a situação era bastante grave e que a Índia e os seus vizinhos não seriam capazes de produzir alimento em quantidade suficiente para a população. Felizmente graças ao avanço tecnológico denominado "Revolução Verde", a fome foi evitada. Com a introdução de variedades de sementes trazidas do México, mais fertilização, melhor irrigação e facilidade no transporte, a produtividade disparou.

Esta revolução alastrou-se as partes do mundo até aos finais dos anos 60. Até metade dessa década, a produtividade média era de menos de 1 tonelada por hectare. Mas quando estes avanços foram introduzidos, a produtividade aumentou até 1,5 tonelada em 1980. No ano 2000, ultrapassou 2.5 toneladas por hectare e algumas partes do mundo em desenvolvimento ultrapassou as 3 toneladas por hectare.
Produtividade da cultura do milho no México, Índia e Paquistão 
(Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/61/Wheat_yields_in_selected_countries%2C_1951-2004.png/300px-Wheat_yields_in_selected_countries%2C_1951-2004.png)
A Índia e o Paquistão não atingiram os níveis de crescimento do México, mas as suas produtividades aumentaram 3 a 4 vezes desde os meados dos anos 60. No entanto, o crescimento populacional na Índia quase que compensou este crescimento da produtividade. De 1950 a 2014, a produção quadruplicou, enquanto que a população triplicou. Analisando o total de produção de cereais per capita, a Índia produz menos quantidade por pessoa do que acontecia há 20 anos atrás.

Produção de cereais per capita na Índia, em gramas por dia
(Fonte: http://www.globalhealthcheck.org/wp-content/uploads/2012/01/ghosh-graph51.jpg)
Esta estagnação, e mesmo declínio, de produção de cereais por pessoa vem trazendo várias problemas relacionados com a fome. Um desses problemas é o facto de as crianças não atingirem a altura potencial para a sua idade, quando não conseguem ter os nutrientes que necessitam. Este fenómeno conhecido por childhood stunting é mais elevado na África subsariana e no Sul da Ásia. A Índia é o país com o maior número de crianças nesta situação, com cerca de 62 milhões de crianças com menos de 5 anos.

Para ultrapassar este problema, porventura, será necessária uma segunda revolução verde com ênfase na maior eficiência das culturas no uso de água, fertilizantes e outros inputs. Por outro lado, as outras causas deste fenómeno - dieta inadequada, infecções crónicas e falta de acesso a água potável e saneamento - terão de ser combatidas.

Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

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