segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Avaliação dos Ecossistemas do Milénio

A Avaliação dos Ecossistemas do Milénio (AEM) foi encomendada pelo Secretário das Nações Unidas Kofi Annan em 2000. Iniciada em 2001, o objectivo da AEM era o de avaliar as consequências das alterações nos ecossistemas para o bem-estar humano e a base científica para a acção necessária para melhorar a conservação e o uso sustentável desses sistemas e a sua contribuição para o bem-estar humano. A AEM envolveu no seu trabalho mais de 1360 especialistas por todo o Mundo.



As principais conclusões da AEM foram as seguintes:
  • Durante os últimos 50 anos, os humanos têm alterado os ecossistemas mais rapidamente e extensivamente do que noutro período da história humana, de modo a satisfazer as suas necessidades crescentes em termos de alimento, água potável, madeira, fibras e combustíveis. Isto tem resultado na perda substancial e muitas vezes irreversível de diversidade de vida na Terra.
  • As alterações nos ecossistemas têm contribuído para ganhos substanciais para o desenvolvimento económico e o bem-estar humano, mas estes ganhos têm sido atingidos com custos crescentes na forma de degradação de muitos serviços dos ecossistemas, riscos acrescidos de mudanças irreversíveis e a exacerbação de pobreza nalguns grupos de pessoas. Estes problemas, a menos que sejam enfrentados, irão diminuir substancialmente os benefícios que as futuras gerações poderão obter no futuro.
  • A degradação dos serviços dos ecossistemas pode aumentar significativamente durante a primeira metade deste século e é uma barreira para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
  • O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas ao mesmo tempo que satisfazem a procura por serviços pode ser atingido em parte segundo alguns cenários considerados pela AEM, mas irá envolver mudanças significativas nas políticas, instituições e práticas que não estão a ser praticadas no momento. Muitas opções existem para conservar ou melhorar específicos  serviços dos ecossistemas de forma a reduzir trade-offs negativos ou proporcionar sinergias positivas com outros serviços dos ecossistemas.

A AEM identificou também os três maiores problemas associados com a gestão mundial dos ecossistemas:
  1. Aproximadamente 60% (15 de 24) dos serviços dos ecossistemas analisados pela AEM estão a ser degradados ou usados de forma não sustentável designadamente água potável, pesca, purificação de ar e água e a regulação do clima local e regional, desastres naturais e pestes. Os custos totais da degradação e perda destes serviços dos ecossistemas são difíceis de medir, com a evidência disponível mostra que são substanciais e que estão a crescer. Muitos serviços dos ecossistemas têm-se degradado como consequência de acções levadas a cabo para aumentar o fornecimento de outros serviços como a alimentação. Estes trade-offs normalmente transferem os custos da degradação de um grupo de pessoas para outro ou deferir os custos para as futuras gerações.
  2. Existe prova estabelecida porém incompleta que as alterações a serem feitas nos ecossistemas estão a aumentar a probabilidade de alterações não lineares nos ecossistemas (incluindo alterações rápidas, abruptas e potencialmente irreversíveis) que têm consequências importantes para o bem-estar humano.
  3. Os efeitos nefastos da degradação dos serviços dos ecossistemas estão a afectar desproporcionalmente as populações mais pobres, estão a contribuir para o crescimento das desigualdades e as disparidades entre os grupos de pessoas e por vezes são o principal factor a causar pobreza e conflito social.

A conclusão final da AEM é que as acções humanas estão a esgotar o capital natural da Terra, colocando de tal forma em causa a capacidade dos ecossistemas do Planeta de suster as gerações futuras, que esta pode deixar de ser considerada garantida. Ao mesmo tempo, a AEM mostra que com acções apropriadas é possível reverter a degradação de muitos serviços dos ecossistemas durante os próximos 50 anos, mas as mudanças necessárias na política e prática são substanciais e não estão a ser implementadas de momento.

domingo, 16 de outubro de 2016

O que é a diversidade de espécies e porque é importante?

Uma característica importante de uma comunidade e do ecossistema a que pertence é a diversidade de espécies ou o número e a variedade de espécies que contém. Uma componente importante é a diversidade de espécies é a riqueza das espécies - o número de diferentes espécies presentes. Por exemplo, uma comunidade biologicamente diversa como um recife de coral tem uma grande riqueza de espécies, enquanto que uma floresta de choupos pode ter apenas 10 espécies de plantas, uma baixa riqueza de espécies.

Fonte: http://www.npgrc.tari.gov.tw/npgrc-web/page-picture/diversity/medicinal.jpg

Para uma qualquer comunidade, outra componente da diversidade de espécies é a equitatividade ou homogeneidade de espécies, ou seja, os números comparativos de indivíduos de cada espécie presentes. Quanto mais homogéneos forem os números de indivíduos de cada espécie, mais elevado será esta componente. Por exemplo, uma floresta de choupos tem um grande número de árvores dessa espécie e um número relativamente baixo de indivíduos de outras espécies, e portanto a homogeneidade de espécies será baixa. A maior parte das florestas tropicais têm uma homogeneidade de espécies elevada, porque nela existem números similares de indivíduos de cada uma das muitas espécies.

Ambas as comunidades têm a mesma riqueza de espécies mas a comunidade 1 é mais homogénea do que a comunidade 2. (Fonte: http://www.bio.miami.edu/dana/pix/species_diversity.jpg)

A diversidade de espécies das comunidades varia com a sua localização geográfica. Para a maioria das plantas e animais terrestres, a diversidade de espécies (principalmente a riqueza de espécies) é maior nos trópicos e diminui à medida que nos movemos do equador para os pólos. Os ecossistemas mais ricos em espécies são as florestas tropicais, os grandes lagos tropicais, os recifes de coral e as zonas profundas do oceano.

Para responder à questão de quais efeitos que a riqueza de espécies tem num ecossistema, os ecólogos têm conduzido estudos para responder a duas questões que estão relacionadas: Primeiro, a produtividade das plantas é superior em ecossistemas ricos em espécies? Segundo, a riqueza de espécies favorece a estabilidade ou a sustentabilidade de um ecossistema? Os resultados dos estudos sugerem que a resposta para ambas as respostas é afirmativa, contudo é necessário que haja mais investigação nesta área.

De acordo com a primeira hipótese, quanto mais diverso é o ecossistema, mais produtivo ele é, ou seja, com uma maior variedade de espécies produtoras, um ecossistema irá produzir mais biomassa de plantas, que por sua vez, irá sustentar uma maior variedade de espécies consumidoras. Uma hipótese relacionada afirma que maiores riqueza de espécies e produtividades tornam o ecossistema mais estável ou sustentável. Por outras palavras, quanto maior for a riqueza de espécies e a rede de interacções bióticas num ecossistema, maior é a sua sustentabilidade ou a sua capacidade de resistir a desastres ambientais como secas e pragas de insectos. De acordo com o biólogo Edward O. Wilson, "Existe um elemento de senso comum nesta matéria, quanto mais espécies tiveres, mais próximo estás de ter um seguro para todo o ecossistema".

Fonte:
Living in the environment - G. Tyler Miller, Scott E. Spoolman

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Biodiversidade

A biodiversidade ou diversidade biológica refere-se à variedade dos organismos no Terra e às relações complexas entre os seres vivos e entre estes e o ambiente.

Fonte (http://i.huffpost.com/gen/1307865/images/o-CORAL-REEF-facebook.jpg)

O conceito aparece mencionado pela primeira vez em 1980, introduzido pelos naturalistas que se inquietavam com a destruição rápida do meio natural e das espécies e com a necessidade de levar a sociedade a tomar medidas urgentes no sentido de proteger o património natural. Mas, só em 1992 é que foi consagrado na Conferência de Rio.

Nós não sabemos quantas espécies existem na Terra. As estimativas apontam que existam entre 8 e 100 milhões de espécies, mas as melhores estimativas sugerem que existam entre 10 a 14 milhões de espécies. Até agora, os biólogos identificaram cerca de 1.9 milhões de espécies. Cerca de 50% das espécies de animais e plantas vivem nas florestas tropicais e os insectos representam a maioria das espécies conhecidas.

Os cientistas criaram a Enciclopédia da Vida (http://eol.org/), um sítio online dedicado a sumarizar toda a informação básica sobre as espécies existentes, que está a ser constantemente actualizado.

A diversidade de espécies é apenas uma parte da biodiversidade. Para catalogarmos a vida na Terra, podemos de conhecer a diversidade genética que existe dentro de uma espécie, a diversidade de habitats e ecossistemas e a diversidade funcional.

A diversidade genética é a variação nos genes que existem dentro de uma espécie e entre diferentes espécies. A diversidade ecológica é a diversidade de ecossistemas, comunidades naturais e habitats. A diversidade funcional diz respeito à variedade de processos biológicos, funções ou características de um ecossistema e portanto reflecte a sua complexidade biológica. 

A diversidade na Terra é uma parte vital do capital natural que nos ajuda a manter-nos vivos e suporta as nossas economias. Com a ajuda da tecnologia, nós usamos a biodiversidade para nos fornecer alimento, madeira, fibras, energia e medicamentos. A biodiversidade também desempenha um papel fundamental na preservação da qualidade do ar e água, na manutenção da fertilidade do solo, na decomposição e reciclagem de resíduos e no controlo de populações de espécies consideradas pestes para os humanos.

Ao prestar estes serviços ecológicos, que fazem parte do capital natural da Terra, a biodiversidade ajuda a suster a vida no planeta.

Fontes:

domingo, 2 de outubro de 2016

Ciclo do fósforo

O fósforo é um elemento químico que se pode encontrar em inúmeros formas de compostos como o ião fosfato (PO43-), e está presente na água, solo e sedimentos. O fósforo é um nutriente essencial para os animais e plantas pois, desempenha um papel crítico no desenvolvimento das células e é um componente chave das moléculas que armazenam energia como o ATP, o ADN e os lípidos. O fosfato é um dos principais componentes dos ossos e dentes dos vertebrados.

Ao contrário dos ciclos da água, carbono e nitrogénio, o ciclo do fósforo não incluí a atmosfera e é um ciclo relativamente lento.

Ciclo do fósforo
(Fonte: https://ka-perseus-images.s3.amazonaws.com/499cc1cd7fdf8f530bc1a88fe6c396723bedc848.png)
À medida que a água passa pelas rochas expostas, esta leva lentamente consigo compostos inorgânicos que contêm iões de fosfato. A água corrente transposta estes iões de fosfato para o solo onde podem ser absorvidos pelas raízes de plantas e por outros produtores. Os compostos de fosfato também são transferidos através da cadeia alimentar dos produtores aos consumidores e no fim, incluem os detrítivoros e decompositores.

O fosfato pode estar afastado deste ciclo por longos períodos de tempo quando é transportados do solo para ribeiros e rios e levado para o oceano, onde pode ser depositado no sedimento marinho e permanecer por milhões de anos. Um dia, processos geológicos podem expôr esses depósitos e o fosfato pode entrar novamente no ciclo.

Dado que a maioria dos solos tem pouco fosfato, esta escassez geralmente o crescimento das plantas a não ser que o fósforo seja aplicado no solo sob a forma de fertilizante. A falta de fósforo também limita o crescimento de populações de produtores em ribeiros e lagos porque os sais de fosfato são apenas ligeiramente solúveis em água e portanto não libertam iões de fosfato que os produtores necessitam como nutrientes.

As actividades humanas estão a afectar o ciclo de fósforo através da remoção de grandes quantidades de fosfato da terra para produzir fertilizante e através da redução dos níveis de fosfato no solos tropicais causada pela destruição de florestas. A camada superficial do solo que sofre erosão de culturas fertilizadas, relvados e campos de golfe, contém grandes quantidades de iões fosfato que são transportados para ribeiros, lagos e oceanos. Aí podem estimular o crescimento de produtores como algas e outras plantas aquáticas. Por outras palavras, estamos a alterar o ciclo de fósforo ao remover iões de fosfato da superfície terrestre onde eles são escassos e necessários para as plantas, e ao colocá-los, indirectamente, em zonas onde a quantidade em excesso provoca a explosão de populações de produtores.

Explosão de algas demominada de Algal Bloom
(Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/74/River_algae_Sichuan.jpg)
Fontes: