sábado, 26 de dezembro de 2015

Como acabar com a pobreza na África subsariana

Os países da África subsariana têm atingido valores de crescimento económico impressionantes desde o ano 2000. Esta região tem crescido mais do que a média das economias mundiais, com um crescimento cerca de 5% ao ano e por vezes mais do que isso em determinados anos. Este crescimento implica que o tempo necessário para duplicar o seu PIB será de aproximadamente 14 anos (= 70/5), sem contabilizar o efeito do crescimento populacional.

As dez economias com maior crescimento e crescimento do PIB
(Fonte: http://www.globalsherpa.org/wp-content/uploads/2012/12/world-ten-fastest-growing-economies-jan-2011.gif)
Uma análise diferencial do continente Africano mostra que existem desafios em quase todas as  7 categorias principais: "armadilha" da pobreza, política económica, estrutura fiscal, geografia, padrões e falhas de governança, barreiras culturais e geopolítica.

Existem 4 áreas em particular onde os países africanos podem atingir rápidos avanços: produtividade na agricultura, produtividade urbana, infraestruturas a nível nacional e investimento no capital humano.

Olhando para o mapa de produtividade agrícola (toneladas por hectare por ano), o continente africano apresenta baixos níveis de produtividade. Em média, os pequenos agricultores na África subsariana produzem entre 1/2 e 1 tonelada de cereais por hectare por ano. Muitas zonas de países em desenvolvimento atingiram 4 ou 5 vezes mais. E nas zonas mais produtivas como os Estados Unidos, a Europa ocidental e o Japão, a produtividade é frequentemente 10 vezes superior.

Produtividade agrícola  em toneladas/hectare/ano
(Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvNMHx4Qxkt6Jj8Xao2S7B0OEZJmjufm3qgLgw8axttYm4xBoWTf_MG2ymO1zv0AglXfkfmxHGdqSmry8n7kU15a4DFet1gN62hCVR7R3F2DoYy6vG7mutD1N081Qlqh6b89dZ5mg7laM/s1600/Screen+shot+2010-11-23+at+7.49.58+AM.png)
Na origem desta diferença está o facto de os agricultores africanos não terem poder de compra para investir em fertilizantes ricos em nitrogénio, potássio e fósforo que lhes permita aumentar a produtividade dos seus solos. Para além disso, há outros inputs necessários como a gestão dos recursos hídricos, irrigação e variedades de sementes de qualidade.

Consumo mundial de fertilizantes
(Fonte: http://www.theglobaleducationproject.org/earth/images/final-images/fl-fertilizer-consumption.gif)
Para terminar com a pobreza extrema, África necessita de aumentar a sua rede de infraestruturas: estradas, caminhos-de-ferro, portos, electricidade e redes de comunicações.

Rede ferroviária de África
(Fonte: http://whiteafrican.com/wp-content/uploads/2013/10/africarail.gif)


O mapa de caminhos-de-ferro mostra que as potências coloniais deixaram o continente com uma pobre infra-estrutura sem conectividade. O sistema ferroviário era composto por investimentos separados e por linhas que ligavam portos a explorações mineiras e plantações. Se juntarmos o facto de o sistema rodoviário ser insuficiente, o transporte por terra é extremamente caro.

Outro aspecto importante para o desenvolvimento económico é o acesso à electricidade. Cerca de 600 milhões de pessoas na África subsariana não tem acesso a esta tecnologia. Para além de não terem luz à noite ou electricidade, não existe energia para bombas de irrigação, refrigeração, preservação de produção agrícola, processamento industrial de alimentos, têxteis e outros tipos de actividades industriais.

Um desafio adicional para África é o crescimento populacional. Em 1950, existiam cerca de 180 milhões de pessoas. Em apenas 60 anos, a população cresceu cinco vezes mais, para cerca de 900 milhões de pessoas. Uma redução da fertilidade pode trazer benefícios como a disponibilidade de mais recursos por pessoa, maior investimento em educação, saúde e nutrição por filho e maior equilíbrio entre gerações.

Juntamente com os investimentos vitais na agricultura, saúde, educação, infra-estruturas e redes de comunicações, a África irá beneficiar da redução se investir na redução voluntária das taxas de fertilidade. Isso poderá ser conseguido assegurando que as adolescentes femininas permanecem no ensino, pelo menos até ao secundário; investindo na sobrevivência infantil e assegurando que o planeamento familiar e contraceptivos modernos são gratuitos ou a preço acessível.

Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

Sem comentários:

Enviar um comentário