terça-feira, 20 de junho de 2017

Que factores influenciam o tamanho da população humana (Parte 1)

A população humana cresce ou diminui em determinados países, cidades e outras áreas através da combinação de três factores: nascimentos (fertilidade), mortes (mortalidade) e migração. Podemos calcular a variação da população de uma área subtraindo o número de pessoas a deixar a população (através das mortes e emigração) ao número de pessoas a entrar (através dos nascimentos e imigração) durante um período específico de tempo, normalmente um período de 1 ano.

Variação da população = (Nascimentos + Imigração) - (Mortes + Emigração)

Quando os nascimentos mais a imigração excedem as mortes e a emigração, a população cresce e quando o reverso acontece, a população diminui.

Outra medida usada em estudos de população é a taxa de fertilidade, o número de filhos nascidos durante a vida de uma mulher. Dois tipos de taxas de fertilidade que afectam o tamanho e taxa de crescimento da população de um país. O primeiro tipo, chamado de taxa de fertilidade ao nível de reposição, é o número médio de filhos que os casais necessitam de ter para substituir-los. Esta taxa é ligeiramente superior a 2 filhos por casal (2.1 em países desenvolvidos e pode chegar aos 2.5 em países menos desenvolvidos), maioritariamente porque algumas crianças morrem antes de chegar a idade reprodutiva.

O segundo tipo de taxa de fertilidade, a taxa de fertilidade total (TFT), é o número médio de filhos nascidos durante a vida reprodutiva de uma mulher. Este factor desempenha um papel chave na determinação do tamanho da população. Entre 1955 e 2010, a TFT média caiu de 2.8 para 1.7 filhos por mulher nos países desenvolvidos e de 6.2 para 2.7 nos países menos desenvolvidos. Prevê-se que a TFT média continue a descer nos países menos desenvolvidos, enquanto que nos países mais desenvolvidos deverá subir ligeiramente.

Evolução das taxa de fertilidade total por região entre 1950 e 2050
(Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b2/Trends_in_TFR_1950-2050.png)

Taxas de natalidade e fertilidade

Muitos factores afectam a taxa de natalidade e TFT média de um país. Um deles é a importância dos filhos como parte da força de trabalho, em especial nos países menos desenvolvidos. Esta é a principal razão porque faz sentido para muitos casais pobres desses países terem um grande número de filhos.

Outro factor económico é o custo de criar e educar as crianças. Os nascimentos e as taxas de fertilidade tendem a ser mais baixas nos países mais desenvolvidos, onde essa tarefa é muito mais custosa. Por contraste, muitas crianças em países pobres têm poucas oportunidade de educação e em vez disso têm de trabalhar para ajudar as suas famílias a sobreviver.

A existência, ou a falta de sistemas de pensões privados ou públicos pode influenciar a decisão de alguns casais de quantos filhos irão ter, especialmente os casais mais pobres em países menos desenvolvidos. As pensões reduzem a necessidade dos casais de terem mais filhos para os apoiar em idade avançada.

De modo a compensar a morte infantil que é mais elevada em países mais pobres, os casais optam ter um determinado número de filhos que permita a sobrevivência do número de filhos que julgam ser necessário.

A urbanização também desempenha um papel importante dado que as pessoas em áreas urbanas têm acesso a serviços de planeamento familiar e tendem a ter menos filhos do que aqueles que vivem em ambiente rural.

Outro factor importante são as oportunidades de educação e emprego disponíveis para as mulheres. As TFTs tendem a ser baixas quando as mulheres têm acesso a educação e emprego pago fora de casa. Em países menos desenvolvidos, uma mulher com pouco ou nenhum grau de escolaridade tipicamente têm mais dois filhos do que uma mulher com educação secundária. Em quase todas as sociedades, as mulheres com mais escolaridade tendem a casar mais tarde e ter menos filhos.

As taxas de natalidade e as TFTs também são afectadas pelo acesso a abortos legais. Estimam-se que em cada ano 190 milhões de mulheres engravidam e que pelo menos 40 milhões fazem abortos, sendo que 50% deles são ilegais. Por outro lado, o acesso a métodos eficazes de contracepção também permite às mulheres controlar o número e o espaçamento com que têm filhos.

Por último, as crenças religiosas, as tradições e as normas culturais podem, em alguns países, favorecer famílias numerosas e opôr-se fortemente ao aborto e ao uso de contracepção.

Fonte:
Living in the environment  - G. Tyler Miller, Scott E. Spoolman

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Índice Global da Paz 2017

O Instituto para a Economia e Paz publicou recentemente a 11ª edição do Índice Global da Paz (IGP), que ordena num ranking 163 estados independentes e territórios de acordo com o seu nível de paz.

Uma das principais conclusões deste relatório foi a melhoria do IGP relativamente ao ano anterior, em que 93 países apresentaram uma subida do índice, enquanto que 68 países assistiram a uma descida. Esta melhoria deveu-se principalmente ao aumento de indicadores ligados com a segurança e militarização, que conduziram à redução da taxa de homicídio e dos níveis de terror político. A redução do terror político foi o desenvolvimento mais importante que aconteceu em todas as regiões excepto na África sub-sariana, Médio Oriente e Norte de África.

Os 10 países mais pacíficos
(Fonte: http://visionofhumanity.org/app/uploads/2017/06/GPI-2017-Report-1.pdf)
Por outro lado, os actuais conflitos domésticos e internacionais deterioraram-se durante o ano de 2015. Devido ao conflito armado na região do Médio Oriente e Norte de África, muitos indicadores como as mortes por conflito interno, número de refugiados e deslocados internos e o conflito interno organizado estão em níveis elevados. Esta região continua a ter o clima menos pacífico do Mundo, que sofreu um agravamento ligeiro devido aos conflitos na Síria e Iémen que têm envolvido numerosos países. Paralelamente, a maior redução do IGP ocorreu na América do Norte (seguida da África subsariana, Médio Oriente e Norte de África) em face da intensificação do conflito interno organizado e do nível de percepção da criminalidade na sociedade. Enquanto que a maior subida ocorreu na América do Sul.

Os 10 países menos pacíficos
(Fonte: http://visionofhumanity.org/app/uploads/2017/06/GPI-2017-Report-1.pdf)
Evolução a longo prazo

Desde 2008, o nível global de paz tem vindo a deteriorar-se em cerca de 2%. Uma das principais evoluções registadas na última década tem sido a crescente desigualdade no que respeita à paz entre os países mais pacíficos e menos pacíficos.

A degradação da paz da última década está em grande parte relacionada com os conflitos no Médio Oriente que se traduziram em batalhas mortíferas, níveis recordes de terrorismo e deslocações de populações.

Impacto económico da violência

O impacto económico global da violência foi estimado em cerca de 14.3 triliões de PPC (paridade de poder de compra) em 2016, o equivalente a 12,6% do PIB global ou 1.953 dólares por pessoa. Os países menos pacíficos do mundo sofrem de forma desproporcionada em termos económicos dos seus níveis de violência. O custo médio da violência foi equivalente a 37% do PIB nos dez países menos pacíficos, comparado com 3% dos dez países mais pacíficos.

Os gastos na construção da paz foram na ordem dos 10 milhões de dólares, o que significa menos de 1% do impacto económico da guerra, que totalizou 1.04 biliões dólares.