quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Padrões de urbanização no Mundo

Algo notável aconteceu em 2008 de acordo com os dados oficiais das Nações Unidas: pela primeira vez na história, mais de 50% da população humana vive nas cidades.

Existem uma série de factores que tornam as cidades distintas dos outros lugares. Primeiro, as cidades têm uma concentração elevada de população. Por definição, uma área urbana é uma área com uma determinada densidade populacional mínima, normalmente considerada de 2000 ou 5000 pessoas. Obviamente que as maiores cidades não têm milhares mas sim milhões de habitantes e as mega-cidades têm mais de 10  milhões de habitantes.

As maiores cidades do Mundo em população
(Fonte: http://www.newgeography.com/files/cox-wua-16-3.jpg)

Segundo, as cidades distinguem-se pelo tipo de actividades económicas que albergam. Enquanto que uma pequena parte da actividade dizem respeito ao sector primário, a maior parte corresponde a actividades do sector da indústria e serviços. Em países mais ricos, o sector dos serviços é dominante.

Terceiro, as cidades são áreas importantes de produtividade para as economias nacionais. O output médio por pessoas em áreas urbanas é normalmente duas a três vezes maior do que em áreas rurais dentro do mesmo país.

Quarto, as cidades são locais com uma quantidade enorme de inovação, que surge dentro de universidades, laboratórios de investigação e grandes empresas, na procura de lançar novos produtos para o mercado.

Quinto, as cidades são centros de negócios, onde uma quantidade tremenda da actividade envolve a troca de bens. As cidades existem de facto como centro de concentração para facilitar o comércio, a troca e contratos, suportados pela proximidade entre compradores e vendedores.

Sexto, as grandes cidades situam-se na costa ou perto dela para tirar vantagem do transporte marítimo de mercadorias e assim baixar o custo dos produtos. Algumas situam-se nos estuários de grandes rios.

Sétimo, as cidades são locais com rápido crescimento populacional e os únicos locais onde a população está a crescer, já que a população rural já atingiu o seu pico.

Oitavo, as cidades são frequentemente locais de grande desigualdade, colocando ricos e pobres a viver lado a lado.

Nono, as cidades gozam de enormes vantagens de economias de escala e de oportunidades, significando que a sua produtividade é melhorada pela dimensão dos mercados que oferecem, e assim tornam possível uma enorme gama de actividades, profundidade de especializações e enorme escala de produção.

Décimo, as cidades enfrentam grandes desafios chamados de "externalidades urbanas", resultado da grande densidade populacional e das actividades económicas. As cidades têm que lidar com a poluição da água e do ar, grandes congestionamentos de trânsito, rápida transmissão de doenças, se não devidamente controladas e têm potencial para fenómenos de crime e violência.

À medida que a economia mundial continua a crescer e a desenvolver-se no século XXI e que a produtividade rural aumenta, espera-se que as áreas urbanas continuem a crescer. A Divisão da População das Nações Unidas prevê que as áreas urbanas representem 60% da população até 2030 e 67% até 2050. Por outras palavras, a população passará de 7.2 mil milhões para mais de 8 mil milhões.

Evolução da população rural, global e total a nível global
(Fonte: http://ubclfs-wmc.landfood.ubc.ca/webapp/media/WID/water-issues-in-international-development/global-water-issues/Urban-Rural_3.png)

Ásia e África são as duas regiões mais dinâmicas no que toca à urbanização. Algo notável está a acontecer: a distribuição global da urbanização está a mudar. De acordo a figura abaixo, em 1950, 38% da população urbana estava na Europa. Juntamente com a América do Norte, constituam 53% da população urbana. Espera que até 2050, a Europa terá apenas 9% da população urbana, de acordo com as Nações Unidas.

Percentagem da população em áreas urbanas por região entre 1950-2050
(Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c8/Percentage_of_Population_Living_in_urban_areas_1950-2050.png)

O mesmo acontece com a dinâmica das grandes cidades. Em 1950, existiam apenas 2 mega-cidades com mais de 10 milhões de pessoas, ambas em países desenvolvidos: Tóquio e Nova Iorque. Em 1990, existiam 10 mega-cidades: 4 em países com rendimentos mais elevados e 6 em países em desenvolvimento. Em 2011, existiam 23 mega-cidades: apenas 5 em países com rendimentos elevados e 17 em países em desenvolvimento. Em 2015, existiam 29 aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes e segundo as previsões das Nações Unidas existirão 36 mega-cidades, sendo que somente 7 delas estarão nos países mais desenvolvidos.

Distribuição da população urbana mundial em 1950, 2011, 2050
(Fonte: https://goo.gl/wkHWwc)
Fonte:
The Age of Sustainable Development - Jeffrey D. Sachs

domingo, 27 de dezembro de 2015

Desafios do Sul da Ásia

O Sul da Ásia está a fazer um progresso notável na redução da pobreza, mas ainda possui cerca de 500 milhões de pessoas nessa condição dos 1.600 milhões do total da população na região. Existem ainda grandes desafios nas áreas rurais quer nas áreas urbanas.

O que distingue o Sul da Ásia das restantes regiões é a sua extraordinária densidade populacional. A Índia, por exemplo, tem 1.200 milhões de habitantes, cerca de 16% da população mundial, que vivem numa área que corresponde a 2,5% do total da área terrestre da Terra e, muitas zonas da Índia são bastante secas e mesmo deserto. 

Densidade populacional em 2015
(Fonte: https://i.ytimg.com/vi/5k40HlPC1ak/maxresdefault.jpg)
A Índia e o seu vizinho Bangladesh são os dois países mais densamente povoados do mundo. O Bangladesh tem média 1.200 pessoas por quilómetro quadrado. A Índia tem cerca de 410 por quilómetro quadrado. Por comparação, os Estados Unidos têm cerca de 32 pessoas por quilómetro quadrado, cerca de 10 vezes menos.

As implicações deste facto tem sido adversas. Muitas pessoas nos anos 50 e 60 pensaram que a situação era bastante grave e que a Índia e os seus vizinhos não seriam capazes de produzir alimento em quantidade suficiente para a população. Felizmente graças ao avanço tecnológico denominado "Revolução Verde", a fome foi evitada. Com a introdução de variedades de sementes trazidas do México, mais fertilização, melhor irrigação e facilidade no transporte, a produtividade disparou.

Esta revolução alastrou-se as partes do mundo até aos finais dos anos 60. Até metade dessa década, a produtividade média era de menos de 1 tonelada por hectare. Mas quando estes avanços foram introduzidos, a produtividade aumentou até 1,5 tonelada em 1980. No ano 2000, ultrapassou 2.5 toneladas por hectare e algumas partes do mundo em desenvolvimento ultrapassou as 3 toneladas por hectare.
Produtividade da cultura do milho no México, Índia e Paquistão 
(Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/61/Wheat_yields_in_selected_countries%2C_1951-2004.png/300px-Wheat_yields_in_selected_countries%2C_1951-2004.png)
A Índia e o Paquistão não atingiram os níveis de crescimento do México, mas as suas produtividades aumentaram 3 a 4 vezes desde os meados dos anos 60. No entanto, o crescimento populacional na Índia quase que compensou este crescimento da produtividade. De 1950 a 2014, a produção quadruplicou, enquanto que a população triplicou. Analisando o total de produção de cereais per capita, a Índia produz menos quantidade por pessoa do que acontecia há 20 anos atrás.

Produção de cereais per capita na Índia, em gramas por dia
(Fonte: http://www.globalhealthcheck.org/wp-content/uploads/2012/01/ghosh-graph51.jpg)
Esta estagnação, e mesmo declínio, de produção de cereais por pessoa vem trazendo várias problemas relacionados com a fome. Um desses problemas é o facto de as crianças não atingirem a altura potencial para a sua idade, quando não conseguem ter os nutrientes que necessitam. Este fenómeno conhecido por childhood stunting é mais elevado na África subsariana e no Sul da Ásia. A Índia é o país com o maior número de crianças nesta situação, com cerca de 62 milhões de crianças com menos de 5 anos.

Para ultrapassar este problema, porventura, será necessária uma segunda revolução verde com ênfase na maior eficiência das culturas no uso de água, fertilizantes e outros inputs. Por outro lado, as outras causas deste fenómeno - dieta inadequada, infecções crónicas e falta de acesso a água potável e saneamento - terão de ser combatidas.

Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

sábado, 26 de dezembro de 2015

Como acabar com a pobreza na África subsariana

Os países da África subsariana têm atingido valores de crescimento económico impressionantes desde o ano 2000. Esta região tem crescido mais do que a média das economias mundiais, com um crescimento cerca de 5% ao ano e por vezes mais do que isso em determinados anos. Este crescimento implica que o tempo necessário para duplicar o seu PIB será de aproximadamente 14 anos (= 70/5), sem contabilizar o efeito do crescimento populacional.

As dez economias com maior crescimento e crescimento do PIB
(Fonte: http://www.globalsherpa.org/wp-content/uploads/2012/12/world-ten-fastest-growing-economies-jan-2011.gif)
Uma análise diferencial do continente Africano mostra que existem desafios em quase todas as  7 categorias principais: "armadilha" da pobreza, política económica, estrutura fiscal, geografia, padrões e falhas de governança, barreiras culturais e geopolítica.

Existem 4 áreas em particular onde os países africanos podem atingir rápidos avanços: produtividade na agricultura, produtividade urbana, infraestruturas a nível nacional e investimento no capital humano.

Olhando para o mapa de produtividade agrícola (toneladas por hectare por ano), o continente africano apresenta baixos níveis de produtividade. Em média, os pequenos agricultores na África subsariana produzem entre 1/2 e 1 tonelada de cereais por hectare por ano. Muitas zonas de países em desenvolvimento atingiram 4 ou 5 vezes mais. E nas zonas mais produtivas como os Estados Unidos, a Europa ocidental e o Japão, a produtividade é frequentemente 10 vezes superior.

Produtividade agrícola  em toneladas/hectare/ano
(Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvNMHx4Qxkt6Jj8Xao2S7B0OEZJmjufm3qgLgw8axttYm4xBoWTf_MG2ymO1zv0AglXfkfmxHGdqSmry8n7kU15a4DFet1gN62hCVR7R3F2DoYy6vG7mutD1N081Qlqh6b89dZ5mg7laM/s1600/Screen+shot+2010-11-23+at+7.49.58+AM.png)
Na origem desta diferença está o facto de os agricultores africanos não terem poder de compra para investir em fertilizantes ricos em nitrogénio, potássio e fósforo que lhes permita aumentar a produtividade dos seus solos. Para além disso, há outros inputs necessários como a gestão dos recursos hídricos, irrigação e variedades de sementes de qualidade.

Consumo mundial de fertilizantes
(Fonte: http://www.theglobaleducationproject.org/earth/images/final-images/fl-fertilizer-consumption.gif)
Para terminar com a pobreza extrema, África necessita de aumentar a sua rede de infraestruturas: estradas, caminhos-de-ferro, portos, electricidade e redes de comunicações.

Rede ferroviária de África
(Fonte: http://whiteafrican.com/wp-content/uploads/2013/10/africarail.gif)


O mapa de caminhos-de-ferro mostra que as potências coloniais deixaram o continente com uma pobre infra-estrutura sem conectividade. O sistema ferroviário era composto por investimentos separados e por linhas que ligavam portos a explorações mineiras e plantações. Se juntarmos o facto de o sistema rodoviário ser insuficiente, o transporte por terra é extremamente caro.

Outro aspecto importante para o desenvolvimento económico é o acesso à electricidade. Cerca de 600 milhões de pessoas na África subsariana não tem acesso a esta tecnologia. Para além de não terem luz à noite ou electricidade, não existe energia para bombas de irrigação, refrigeração, preservação de produção agrícola, processamento industrial de alimentos, têxteis e outros tipos de actividades industriais.

Um desafio adicional para África é o crescimento populacional. Em 1950, existiam cerca de 180 milhões de pessoas. Em apenas 60 anos, a população cresceu cinco vezes mais, para cerca de 900 milhões de pessoas. Uma redução da fertilidade pode trazer benefícios como a disponibilidade de mais recursos por pessoa, maior investimento em educação, saúde e nutrição por filho e maior equilíbrio entre gerações.

Juntamente com os investimentos vitais na agricultura, saúde, educação, infra-estruturas e redes de comunicações, a África irá beneficiar da redução se investir na redução voluntária das taxas de fertilidade. Isso poderá ser conseguido assegurando que as adolescentes femininas permanecem no ensino, pelo menos até ao secundário; investindo na sobrevivência infantil e assegurando que o planeamento familiar e contraceptivos modernos são gratuitos ou a preço acessível.

Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Pobreza extrema

O Banco Mundial define pobreza extrema como a condição em que se gera rendimentos abaixo do 1.90 dólares por dia (a preço internacionais de 2011). De acordo com esta medida, existiam, em 2012, cerca de 902 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza extrema.

Rácio de pobreza em 2014 
(Fonte: Banco Mundial)
Uma definição qualitativa mais proposta pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável, que define a linha da pobreza extrema como a capacidade dos indivíduos satisfazerem as suas necessidades básicas. Estas necessidades incluem alimentação, água potável, saneamento, abrigo, vestuário, acesso a cuidados de saúde, acesso a educação básica e acesso a serviços essenciais como o transporte e a energia. Com esta definição mais alargada, o número de pessoas na pobreza pode subir acima dos 1.000 milhões, e talvez chegar aos 2.000 milhões.

Outro limite frequentemente utilizado é o de 2 dólares por dia (a preços internacionais de 2005). Neste caso, estimou-se que, em 2010, cerca de 2.400 milhões poderiam viver abaixo dessa fasquia.

Pobreza global 
(Fonte: The Economist)
Tendo na base estes limites, observa-se uma tendência de diminuição da pobreza entre 1981 e 2008. Em 1981 cerca de 70% da população mundial vivia abaixo do limite de 2 dólares por dia. Em 2008 esse valor desceu, situando-se um pouco acima dos 40%.

Numa análise por região, entre 1981 e 2008, o número de pessoas a viver abaixo de 1.25 dólares por dia desceu de mais de 1.000 milhões para cerca de 300 milhões na Ásia de leste e Pacífico. Podemos concluir também, que a China conseguiu a maior redução de pobreza na história, de mais de 800 milhões de para menos 200 milhões de pobres.

São duas principais regiões do mundo que mais sofrem com "armadilha" da pobreza. Em 2010, cerca de 48,5% da população da África subsariana permanecia abaixo do limiar da pobreza. Esta percentagem tem vindo a descer desde o início do milénio. A outra região afectada é o sul da Ásia, onde a percentagem de pobreza atingia os 31% da população em 2010. Em termos grosseiros, cerca de 413 milhões de pessoas viviam na pobreza extrema na África subsariana e 507 milhões de pessoas no sul da Ásia. Estas duas regiões juntas constituíam cerca de 76% da pobreza extrema de todo o mundo. 

Fonte: 
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Papel da geografia para a pobreza

A geografia é o quarto item da análise diferencial da pobreza que muitas vezes tende a ser esquecido como factor que contribuí para a existência de pobreza. Os países tropicais são geralmente mais pobres do que os países de zonas temperadas. Países sem acesso à costa marítima são geralmente mais pobres do que os países com costa. Países que são vulneráveis aos perigos de terramotos e tufões nas Caraíbas e na região Ásia-Pacífico pagam um preço a longo-prazo.

Outro aspecto está relacionado com o mapa das maiores áreas urbanas do mundo que mostra que existe uma grande proporção de grandes cidades ao longo das costas dos continentes. As grandes cidades no interior dos continentes encontram-se frequentemente ao longo de grandes rios. A proximidade da costa, portos e rios tem sido fundamental para promover uma alta produtividade e permitir um elevado grau de comércio internacional e crescimento económico.

Povoações de acordo com o número de habitantes
(Fonte: http://sedac.ciesin.columbia.edu/downloads/maps/grump-v1/grump-v1-settlement-points/globalpoints.jpg)

Os países da Europa Ocidental, o Reino Unido e a Península Arábica, entre outros, estão muito perto de portos e portanto, tem a grande vantagem de poder usufruir de condições de transporte low-cost. A Grã-Bretanha beneficiou imenso dessa vantagem no século XVIII no período da Revolução Industrial. Para além disso, a topografia da Inglaterra também favoreceu a construção de canais de baixo custo em lugares onde os rios não alcançavam. 

Grandes países continentais como a Rússia, têm uma grande desvantagem. A maior parte das cidades russas e zonas industriais estão longe no interior do país e enfrentam grandes distâncias por terra para chegar aos portos marítimos. Um número significativo de países da África subsariana (16) não têm acesso ao mar. África tem o número mais elevado de nações cercadas por terra.


Distância média ao porto mais importante em quilómetros
(Fonte: The Age of Sustainable Development)

A energia está no centro de toda a actividade económica, seja agricultura, indústria, serviços ou transportes. A distribuição geológica dos combustíveis fósseis é bastante variável em todo o mundo. Algumas partes do mundo possuem grandes quantidades de reservas de combustíveis fósseis, enquanto que outros lugares não têm praticamente nenhumas. A Inglaterra, Europa Ocidental e os Estados Unidos tem muito carvão mas a África subsariana não tem praticamente nenhum, No que diz respeito a petróleo, a Arábia Saudita tem as maiores reservas do mundo, seguida do Irão, Iraque, Kuwait e Emiratos Árabes Unidos.

Quem tem o petróleo?
(Fonte: http://www.energybulletin.net/image/uploads//map01_1024.jpg)

Outro aspecto relacionado com a geografia que produz diferenças no crescimento de longo prazo e no desenvolvimento sustentável é o clima. O clima tem um enorme efeito na produtividade das culturas, propagação de doenças, escassez ou disponibilidade de água e vulnerabilidade a desastres naturais.

Classificação climática de Koppen
(Fonte: http://gisweb.ciat.cgiar.org/metadata/atlasbiofort/Climate.jpg)

As zonas tropicais são caracterizadas por temperaturas quentes ao longo do ano. Estas condições colocam desafios na produção de alimento e na propagação de doenças como a malária. Nas zonas áridas onde a precipitação é baixa, a capacidade de cultivar é reduzida ou quase inexistente. Está é a região onde a pastorícia tende a dominar e onde milhões de pessoas ainda seguem um estilo de vida nómada. Desta forma, não é surpreendente que estas regiões sejam particularmente vulnerável a pobreza extrema.

Em suma, a geografia não impede o desenvolvimento mas torna evidente os tipos de investimentos necessários para ultrapassar os obstáculos que ela coloca.

Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

domingo, 20 de dezembro de 2015

Análise diferencial da pobreza

Cerca de 1.000 milhões de pessoas vivem ainda na pobreza extrema. Esta pobreza está concentrada na África subsariana e sul da Ásia, mas existem bolsas de pobreza noutras parte do mundo como no Haiti, Afeganistão e Laos.



Através de uma análise diferencial, podemos identificar sete categorias principais que estão na base da existência da pobreza:

1. Quando um país está na chamada "armadilha" da pobreza que significa que o país é demasiado pobre para fazer os investimentos básicos que necessita para escapar da privação material e atingir crescimento económico.

2. A pobreza pode resultar de más políticas económicas, como a escolha errada da estratégia de investimentos, fecho das fronteiras quando o comércio internacional faria mais sentido ou a escolha da planificação económica em vez de um sistema de mercado.

3. A pobreza pode reflectir o estado de insolvência financeira do governo de modo a que impeça o investimento público em vias de comunicação, escolas, clínicas e a contratação de profissionais como médicos, professores e engenheiros.

4. A pobreza pode resultar de alguns aspectos relacionados quando a sua geografia. Um país pode ser cercado por terra, o que pode dificultar o comércio; pode estar localizado numa zona montanhosa e estar impedido da prática da agricultura ou possuir uma capacidade de produção low-cost; pode enfrentar epidemias como a malária ou pode estar altamente vulnerável a repetidos desastres naturais como terramotos, tsunamis, ciclones tropicais (furações e tufões), secas ou cheias. 

5. O país pode sofrer de má governação. A corrupção, a ineficiência e a incompetência quando levadas a um extremo podem ser um grande entrave ao crescimento económico.

6. Outro factor que contribuir para a continuação da pobreza podem ser as barreiras culturais. Um exemplo importante são as sociedades que continuam a discriminar as mulheres e adolescentes. As adolescentes do sexo feminino podem ter pouca ou nenhuma hipótese de frequentar a escola e espera-se que casem muito cedo e que tenham muitos filhos, mesmo quando a família é demasiado empobrecida.

7. O último factor é a geopolítica, as relações políticas e de segurança de um país com os seus vizinhos, aliados e inimigos. Se um país está protegido de um ataque físico, pode gozar de soberania e estar apto a fazer comércio internacional com outros países e assim favorecer o desenvolvimento económico.

Esquema da armadilha da pobreza
(Fonte: http://beyzac.iics-k12.com/files/2014/08/Screen-Shot-2014-08-25-at-12.32.51-AM.png)

Um ponto fundamental é que estes problemas não se aplicam de modo igual a todos os países. De facto, algumas categorias são importantes para alguns países e outras categorias relevantes para outros. Não existe uma explicação única para a persistência da pobreza. As circunstâncias locais, a história e o contexto são todos factores importantes.

Para a maioria da África subsariana, o diagnóstico mais correcto é a primeira categoria - a "armadilha" da pobreza. No passado, apesar de estarem conscientes dos investimentos necessários em saúde, educação e infraestruturas básicas, os governos africanos não possuíam os meios financeiros para concretizar os seus planos.

Existem duas principais formas de os países se livrarem desta "armadilha". A primeira forma é a contracção de dívidas para realizarem os investimentos e esperar que o futuro desenvolvimento económico gere retorno para pagar essas mesmas dívidas. A segunda forma é receber assistência temporária por parte de governos estrangeiros, empresas, fundações e instituições internacionais. para financiar as necessidades mais urgentes. Quando os governos e as agências oficiais prestam ajuda, chamamos de assistência oficial ao desenvolvimento. No caso da ajuda por parte de organizações não governamentais e fundações privadas, chamamos de assistência privada ao desenvolvimento.

Fonte
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

sábado, 19 de dezembro de 2015

Relatório sobre a felicidade mundial


O relatório sobre a felicidade mundial é o resultado de um esforço de uma equipa internacional composta por especialistas em economia, neuro-ciência e estatística, que mede o bem-estar em diferentes países do mundo. O relatório é publicado pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável e foi pela primeira vez apresentado em 2012 num encontro das Nações Unidas sobre bem-estar e felicidade.

Genericamente são perguntadas às pessoas para avaliar, numa escala de 0 a 10 (sendo 0 o valor mais baixo e 10 o mais elevado), 6 variáveis que dizem respeito à sua vida: PIB per capita, apoio social, esperança de vida saudável, percepção de liberdade na tomada de decisões vitais, generosidade e confiança.

Posteriormente, são calculadas as médias das avaliações, em que 0 representa a pior vida possível e 10 a melhor vida possível. Estas oscilam entre valores superiores aos 7,5 na parte superior das classificações e valores inferiores a 3 na parte inferior. Uma diferença de 4 pontos separa os 10 países mais felizes dos 10 países menos felizes.

Geografia da felicidade em 2015 
(Fonte: World Happiness Report)

Através deste mapa podemos observar a geografia da felicidade mundial. Os países foram divididos em 10 grupos, em que a cor verde-escura foi atribuída ao grupo com as médias mais elevadas e a cor vermelha-escura representa as médias mais baixas.

Os 20 países mais felizes do mundo 
(Fonte: https://assets.bwbx.io/images/users/iqjWHBFdfxIU/if1lGaud33Mc/v2/400x-1.jpg)
Numa análise mais detalhada, a Suiça encontra-se em primeiro lugar, seguida de perto pela Islândia, pela Dinamarca e pela Noruega. Os restantes países entre os 10 primeiros são (por ordem) o Canadá, a Finlândia, a Holanda, a Suécia, a Nova Zelândia e a Austrália.

Os 20 países menos felizes do mundo 
(Fonte: http://www.todayonline.com/sites/default/files/styles/photo_gallery_image_lightbox/public/22161570.JPG?itok=2xy-YPq7)
No outro extremo, a maior parte dos países encontra-se na África subsariana, embora também se tenha registado a inclusão do Afeganistão e uma queda adicional da Síria.

No geral, o modelo traduz bem as diferenças das avaliações entre as regiões e para o mundo como um todo. Contudo, os países da América Latina tem uma avaliação média que são mais elevadas do que a previsão do modelo. Contrariamente, os países do leste da Ásia tem avaliações mais baixas do que o previsto.

Numa base média global, as avaliações femininas são ligeiramente mais altas do que as masculinas. Já as diferenças entre faixas etárias são muito maiores. Numa base global, as avaliações médias começam altas entre os indivíduos mais jovens, caem quase 0.6 pontos por volta da meia-idade e são bastante planas a partir dessa idade.

O relatório destaca ainda a influência das normas sociais e das instituições circundantes como são a família,  as amizades a nível individual e a confiança e empatia a nível da vizinhança e comunidade, na qualidade de vida dentro e entre países e gerações.


Fonte:
World Happiness Report (http://worldhappiness.report/)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Medir o bem-estar: Índice de desenvolvimento humano

Todos estamos interessados na qualidade geral das nossas vidas, por vezes descrita como "satisfação com a vida", "bem-estar" ou "felicidade". Parte desse bem-estar é determinado pela capacidade de satisfazer as nossas necessidades materiais e aspirações, e portanto, isso depende do rendimento. Outra parte depende dos serviços sociais prestados pelo governo. 

Indicadores como o PIB per capita reflectem grosseiramente a qualidade de vida de um indivíduo ou de uma nação. Mas no desenvolvimento sustentável, estamos interessados em aumentar o bem-estar humano, e não apenas em aumentar o rendimento. Logo, é importante encontrar formas de podermos avaliar o bem-estar (ou satisfação com a vida) para além do PIB per capita.

O índice de desenvolvimento humano (IDH), desenvolvido pelo Programa de desenvolvimento das Nações Unidas, tenta oferecer uma perspectiva mais holística do desenvolvimento humano, incluindo outros factores que auxiliam as pessoas a atingir as suas capacidades. O IDH toma em conta o rendimento per capita como umas três dimensões básicas de bem-estar.

O IDH também utiliza indicadores relacionado com o acesso à educação, como a média do número de anos de estudo e anos de estudo esperados e, também um indicador relacionado com a saúde, concretamente a esperança de vida no nascimento.
O mapa do IDH é similar ao mapa do PIB per capita, uma vez que estão relacionados. Note-se o facto de a África tropical estar no epicentro do desafio do desenvolvimento económico. As Nações Unidas categorizam os países como exibindo níveis de desenvolvimento baixo, médio e elevado. Existem países que apresentam um rendimento per capita relativamente baixo mas que apresenta um bom IDH e por outro lado países ricos onde a sua população não beneficia de padrões de educação e saúde apropriados e o seu IDH é inferior ao que seria esperado.

IDH vs. rendimento per capita em 2011 
(Fonte: Gapminder)

No primeiro grupo encontrámos países como o Tajiquistão e a Geórgia que apresentam valores de IDH superior ao esperado face ao seu nível de PIB per capita. Do outro lado, podemos encontrar a Guiné Equatorial e países do Médio Oriente como Oman, Kuwait e Arábia Saudita onde os recursos naturais que geram riqueza nestes locais, não são investidos na melhoria do bem-estar da população.

De referir ainda que nas últimas décadas, os países que conseguiram as maiores melhorias no IDH encontram-se maioritariamente no Norte de África e no continente Asiático.

Países com maior evolução no Índice de Desenvolvimento Humano
(Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/49/d4/15/49d415c5be5a403a07b8361efbf445cf.jpg)
Fonte
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Desigualdade de rendimento: Coeficiente de Gini

Para avaliar a desigualdade de entre países, nomeadamente de rendimento, podemos olhar para a distribuição do mesmo. Para além do cálculo do PIB per capita, podemos usar diversos indicadores para medir a desigualdade de rendimento. Por exemplo, pode-se olhar para o rácio dos rendimentos mais elevados sobre os rendimentos mais baixos, comparando-se por exemplo a média dos 20% mais ricos com a média dos 20% mais pobres. Outra medida amplamente usada é o coeficiente de GINI.

O coeficiente de GINI varia entre 0.0 e 1.0, sendo que 0.0 significa total igualdade de rendimento (todos têm o mesmo rendimento) e 1.0 significa desigualdade total (todo o rendimento pertence a uma pessoa, os restantes não têm rendimentos). Na realidade, as sociedades possuem um valor intermédio para este coeficiente.

Sociedades com bastante igualdade de rendimento e uma classe média alargada, possuem um coeficiente de GINI à volta de 0.25. Países que, em comparação, são mais desiguais, com concentração de riqueza e pobreza nos extremos da sociedade, o seu coeficiente tem um valor igual ou superior a 0.4.  

Coeficiente de Gini com base em dados de 1989 a 2012
(Fonte: CIA World Factbook)

Encontrámos os níveis de desigualdade mais baixos na Europa ocidental e especialmente na Escandinávia (Suécia, Noruega e Dinamarca), com um coeficiente de GINI à volta dos 0.25. Em comparação, os Estados Unidos são bastante desiguais na distribuição de rendimento, com um GINI de 0.45. Os países africanos, que têm dados disponíveis, são igualmente bastante desiguais. No caso da China, o país era bastante igual na sua pobreza há 50 anos atrás, mas com o recente desenvolvimento económico e uma divisão clara entre as áreas urbanas mais ricas e as áreas rurais mais pobres, as desigualdades na China aumentaram para níveis similares aos dos Estados Unidos.

Evolução da desigualdade de rendimento na China entre 1981-2012
(Fonte: 
http://www.china-mike.com/wp-content/uploads/2011/03/china_inequality-gini-rural-urban.jpg)

Olhando para o coeficiente de Gini dos países mais ricos, vemos que existem diferentes caminhos para o desenvolvimento económico. O enriquecimento de um país não significa torná-lo mais desigual nem garante que se torne mais igual no que ao rendimento diz respeito. Veja-se o contraste entre o Norte da Europa e os Estados Unidos.

Coeficiente de Gini na OCDE 2012/2013
(Fonte: http://www.dw.com/image/0,,18465081_401,00.gif)



Existem vários factores que explicam estas diferenças. A História, a geografia e o governo de cada país tem um papel decisivo na sua menor ou maior igualdade. Num mundo, onde a indústria e os serviços são muito mais importantes, as diferenças nos níveis de educação podem uma fonte significante de desigualdade, caso os jovens não tenham as mesmas oportunidades de ensino. Outro aspecto importante é a divisão entre mundo urbano e mundo rural, onde as perspectivas de emprego e de obtenção de rendimento são bastante contrastantes. A discriminação das mulheres e minorias raciais, étnicas e religiosas no mercado de trabalho também contribuem para o acentuar das desigualdades. 

As políticas governamentais podem fazer uma grande diferença na promoção da igualdade ou no favorecimento da desigualdade. Governos corruptos que usam as suas receitas para uma pequena classe com ligações ao governo podem criam bastante desigualdades. Frequentemente, países que dependem muito da extracção de petróleo, ouro ou diamantes, apresentam bastante desigualdades, dado que as receitas que derivam destas actividades apenas favorecem um pequeno número de pessoas. Este é o resultado da chamada "maldição do recurso natural", que traduz um paradoxo de um país com abundantes recursos acabar pobre e sub-desenvolvido com muita corrupção e desigualdade. 
Por outro lado, os governos podem promover a igualdade através do investimento na educação e cuidados de saúde, enquanto aumentam a eficiência económica no geral.

A prática do desenvolvimento sustentável significa compreender a natureza e as fontes da desigualdades e estabelecer um objectivo de um maior grau de inclusão social dentro do desenvolvimento económico. O desafio está em assegurar as mesmas oportunidades de prosperidade para todos.


Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

domingo, 13 de dezembro de 2015

Desigualdade entre áreas urbanas e rurais

No âmbito das desigualdades, a diferença entre a vida urbana e rural é talvez a variação mais extrema entre países. Antes da Revolução Industrial, quase toda a população mundial, cerca de 90%, vivia em ambiente rural. No entanto, o mundo está a tornar-se cada vez mais urbanizado, alterando as vidas na sua essência e levando a grandes diferenças a nível de cada país.

Não existe uma definição oficial a nível internacional de área urbana. Genericamente, numa área urbana reside pelos menos alguns milhares de pessoas numa área densamente habitada. O limiar que divide uma área urbana de uma área rural varia de país para país. Alguns adoptam o valor de 2000 pessoas, outros 5000.

A diferença entre áreas urbanas e rurais tem algumas características básicas que são fundamentais para o processo de desenvolvimento económico e a natureza das desigualdades de cada país. Estas são algumas delas:
  • A agricultura é o principal suporte das áreas rurais, enquanto as áreas urbanas dependem da indústria e dos serviços.
  • O rendimento per capita tende a ser mais elevado em áreas urbanas, o que motiva o fluxo para as áreas urbanas.
  • As populações rurais fixam-se em áreas férteis para a agricultura. As populações urbanas tendem a localizar-se na costa ou ao longo de rios.
  • A densidade populacional é superior nas áreas urbanas com milhares de pessoas por quilómetro quadrado. Nas áreas rurais, tipicamente existem menos de 100 pessoas por quilómetro quadrado.
  • A qualidade dos serviços públicos tende a ser diferente e por isso os níveis de rendimento, os padrões dos serviços de saúde e no geral os níveis de vida tendem a ser mais elevados nas áreas urbanas.
  • A taxa de fecundidade (o número médio de filhos por mulher) é mais elevada nas áreas rurais.
As zonas mais ricas do globo tendem a ser mais urbanizadas e as zonas mais pobres tendem a ser mais rurais. As regiões mais urbanas situam fundamentalmente na Europa ocidental e no continente americano, com mais de 75% da população a viver nessas zonas. Enquanto que, os países com mais populações rurais encontram-se na África tropical e continente asiático.

O processo de urbanização está a ocorrer rapidamente e é crítico para o desenvolvimento económico. É em África onde as taxas de urbanização crescem mais rapidamente e frequentemente chegam perto dos 5% ao ano, o que significa que são necessários 14 anos para duplicar a percentagem de áreas urbanas nesses locais.

Taxas de crescimento das áreas urbanas, 2007
(Fonte: http://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2007/09/images/picture4.gif)
Espera-se que a população atinja os 8.000 milhões até 2025 e 9.000 milhões até 2040. A nova população deverá viver em áreas urbanas, dado que o total da população rural permanecerá constante à volta de 3.300 milhões até 2035 e depois diminuirá ligeiramente até 2050. O que significa que o futuro crescimento da população será crescimento de população urbana. A proporção de áreas urbanas irá aumentar de 53% em 2013 para cerca de 60% até 2030 e 67% até 2050. Cidades prósperas, saudáveis e resilientes vão ser o desafio central do desenvolvimento sustentável.


Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)

sábado, 12 de dezembro de 2015

Rendimentos no Mundo

Um dos pilares do desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento económico. Existem diferentes dimensões no desenvolvimento económico e por isso são muitos os indicadores são necessários para avaliar o desenvolvimento de um país. No entanto, temos confiado numa medida única – o produto interno bruto (PIB). O PIB mede a produção total que ocorre dentro das fronteiras geográficas de um país.

No geral estamos interessados em conhecer o nível de vida de um país e para isso dividimos a produção total pela população de um país para calcular o PIB per capita. O PIB per capita não é uma medida abrangente de desenvolvimento económico, porque existem muitos outros indicadores importantes de bem-estar que não consegue “capturar” como a saúde e a educação de uma população.

O Banco Mundial definiu três categorias de rendimento: rendimento elevado, rendimento médio e rendimento baixo. A classificação é baseada no PIB per capita de cada país. No critério actual, um país tem rendimento baixo se o PIB per capita é inferior a 1.035$ por ano, ou cerca de 3$ por dia. Um país com rendimento médio está entre 1.035$ and 12.615$ por pessoa por ano. Os países com rendimento elevado estão acima dos 12.615$. O grupo de países com rendimento médio é muito grande, então pode ser dividido entre rendimento médio superior e rendimento médio inferior, sendo que a linha que os divide são 4.085$ por pessoa por ano.


Rendimento nacional bruto per capita (base de paridade de poder de compra) em 2013
(Fonte: https://goo.gl/olCalt)
1.000 milhões de pessoas dos 7.000 milhões vive em países com rendimento elevado, cerca de 15% da população. 5 em cada 7 vive em países com rendimento médio, com aproximadamente 2.500 milhões de pessoas em cada sub-grupo (superior e inferior). Os restantes 1.000 milhões de pessoas vive com rendimentos baixos e estes países estão concentrados na África tropical e no sul da Ásia.

Existe outra categoria importante que é o subgrupo dos países menos desenvolvidos. Estes países são não só pobres mas também têm problemas com os níveis de doença, educação e instabilidade social. Para além disso, muitos destes países são vulneráveis a secas, cheias, conflito e violência. Cerca de 50 países fazem parte deste subgrupo e incluem países formado por pequenas ilhas e países cercados por terra, ou seja, sem acesso à costa.

Portugal está no grupo dos países com rendimentos altos mas distante da média da OCDE.

Rendimento nacional bruto em Portugal 
(Fonte: Banco Mundial)
Algumas questões se levantam relativamente ao desenvolvimento económico: Como se relaciona os níveis de desenvolvimento e outros aspectos não directamente relacionados como a saúde, bem-estar e felicidade? O que países com rendimentos mais baixos podem fazer para aumentar o seu nível de vida e atingir crescimento económico para estreitar a diferença para os países mais ricos?


Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs
)

Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável

Entende-se por sustentabilidade, a qualidade ou condição do que é sustentável, ou seja, algo que se possa sustentar ou que tem condições para se manter ou conservar. Desenvolvimento sustentável é um conceito central nos nossos dias. É uma forma de compreender o Mundo e um método para resolver problemas globais. (http://www.priberam.pt/dlpo/)

A comissão Brutland em 1987 apresentou uma definição clássica para desenvolvimento sustentável, que foi usada nos 25 anos seguintes:
Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas necessidades. (Brundtland, 1987)
Este conceito intergeneracional foi largamente adoptado, inclusive na Cimeira do Rio em 1992. Um dos princípios estabelecidos na Declaração do Rio foi que "desenvolvimento de hoje não deverá ameaçar as necessidades das gerações do presente e do futuro".

Com o tempo, contudo, a definição de conceito de desenvolvimento sustentável evoluiu para uma abordagem mais prática, focando-se mais numa abordagem holística ligando o desenvolvimento económico, inclusão social e sustentabilidade ambiental e deixando o conceito intergeneracional para segundo plano.

No documento final produzido na Cimeira Rio+20 ("The Future We Want"), o conceito de desenvolvimento sustentável é posto desta forma:
Reafirmamos a necessidade de atingir o desenvolvimento sustentável através da promoção sustentável, inclusiva e equitativa do crescimento económico, criação de maiores oportunidades para todos, redução de desigualdades, aumento dos níveis básicos de estilos de vida, promoção de desenvolvimento sustentável equitativo e da inclusão; e promoção de uma gestão integrada e sustentada dos recursos naturais e ecossistemas que suportem entre outras coisas o desenvolvimento humano e social enquanto facilita a conservação, regeneração e restauração dos ecossistemas e resiliência em face do novos e emergentes desafios. (Assembleia Geral das Nações Unidas, 2012)
O desenvolvimento sustentável concebe quatro objectivos básicos de uma sociedade saudável: prosperidade económica, inclusão e coesão social, sustentabilidade ambiental e boa governança.


Fonte:
The Age of Sustainable Development (Jeffrey D. Sachs)