quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Índice Living Planet - actualização de 2018

Publicado há duas décadas, o Índice Living Planet global tem revelado o estado da biodiversidade no planeta, através da divulgação da taxa média de alteração de um conjunto de populações de diversas espécies.

A informação relativa às ameaças apenas está disponível para apenas cerca de um quarto de todos os registos da espécies neste índice. Estas ameaças estão agrupadas em 5 grandes categorias: perda e degradação de habitat, sobreexploração, espécies invasoras e doenças, poluição e alterações climáticas.

Frequência relativa das principais ameaças por grupo taxonómico.

A ameaça mais referida a nível global é a degradação e perda de habitat, que representa cerca de metade de todas as ameaças dentro de cada grupo taxonómico excepto os peixes. A segunda ameaça mais referida é a sobreexploração, que afecta maioritamente as populações de peixes. Juntas a degradação e a perda de habitat e a sobreexploração contabilizam pelos dois terlos de todas as ameaças registadas para as populações em cada grupo taxonómico.

As espécies invasoras e as doenças são mais frequentes para os répteis e anfíbios e mamíferos. A poluição afecta principalmente as aves e os anfíbios e répteis.

A influência das alterações climáticas nas populações selvagens ainda é relativamente moderada, afectando nomeadamente as populações de aves e peixes. No entanto, estas terão um papel relevante no que será o futuro da biodiversidade.

O índice global, calculado a partir da informação disponível para todas as espécies e regiões, mostra um declínio de 60% no tamanho das populações de vertebrados entre 1970 e 2014, ou seja, uma quebra acima do 50% em menos de 50 anos.

Índice Living Planet global entre 1970 e 2014.

A nível regional, apesar do declínio ser transversal a todas as regiões do globo, os trópicos são os que mais têm sofrido, particularmente as Américas Central e do Sul e as Caraíbas.

Índice Living Planet para a região Neotropical.

No que respeita ao Índice Living Planet para os ecossistemas de água doce, este mostra um declínio de 83% face a 1970, o que signfica uma perda de 4% ao ano. As populações mais vulneráveis são as de répteis e anfíbios e de peixes.

Índice Living Planet para os ecossistemas de água doce entre 1970 e 2014.

Fonte:
Living Planet Report 2018

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Pegada Ecológica Mundial - últimos dados de 2014

Antes do crescimento exponencial da população no século XX, o consumo da humanidade era muito menor do que a capacidade regenerativa do Planeta. No entanto, desde os meados da década de 70 que as necessidades da humanidade têm excedido aquilo que a Terra pode renovar.

Utilizando os conceitos de Pegada Ecológica e de Biocapacidade em hectares globais (gha) podemos avaliar de que forma a humanidade tem usado os recursos do planeta e como essa relação se tem alterado com o tempo.

Nos últimos 50 anos a biocapacidade aumentou cerca de 27% graças a alterações na tecnologia e nas práticas do uso do solo. O que não foi suficiente para contrabalançar o aumento de 190% da pegada ecológica durante o mesmo período.

Pegada ecológica mundial relacionada com o consumo por tipo de área entre 1961 e 2014 (em hectares globais).


A pegada ecológica calcula a quantidade de área biologicamente produtiva necessária para satisfazer as diferentes necessidades em termos de alimento, fibra, madeira, construção de estradas e edifícios e o sequestro de dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis.

Tipos de pegada ecológica de acordo com o tipo de necessidade.

Segundo os últimos dados disponíveis referentes a 2014, os países com maior pegada ecológica (acima dos 7 gha) são o Canadá, os Estados Unidos, a Dinamarca, o Luxemburgo, o Kuwait, o Bahrain, os Emirados Árabes Unidos e a Mongólia.

Mapa mundial da Pegada Ecológica relacionada com o consumo, 2014.

Fonte:
Living Planet Report 2018

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

A Grande Aceleração

A Grande Aceleração é um evento único na história de 4.5 biliões de anos do nosso planeta. Este período da história que começa no início da Revolução Industrial, por volta de 1750, e continua nos dias de hoje. Pela primeira vez, as actividades humanas e o sistema económico global em particular, são o principal factor de alteração do sistema Terra ou seja a soma de todos os processos físicos, químicos, biológicos e humanos que interagem entre si.

Desde então, a população mundial cresceu 7 vezes, ultrapassando os 7.6 mil milhões e a economia mundial cresceu mais de 30 vezes. Mas foi nos últimos 50 anos que o desenvolvimento económico tem provocado uma procura crescente de energia, solo e água o que altera de forma fundamental o sistema de funcionamento da Terra.

O desenvolvimento económico e o crescimento das classes médias tem trazido vários benefícios nomeamente na melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas. No entanto, as melhorias exponenciais nos campos da saúde, conhecimento e qualidade de vida vêm acompanhadas de um custo enorme para a estabilidade dos sistemas naturais que nos sustentam. O nosso impacto atingiu uma tal escala que interfere com a atmosfera, a criosfera, os oceanos, as florestas, o solo e a biodiversidade do nosso planeta.

Para ilustrar essa aceleração foram apresentados, em 2004, 24 indicadores na síntese Global Change and the Earth System pelo IGBP (International Geosphere-Biosphere Programme) e que foram em 2015 revistos e actualizados na publicação Anthropocene Review.

12 tendências sócio-económicas.

Esses indicadores foram divididos em 12 indicadores relativos a tendências sócio-económicas e 12 relativos às tendências do sistema Terra. Os primeiros 12 reflectem as tendências da população, produto interno bruto, investimento directo estrangeiro, população urbano, uso primário de energia, consumo de fertilizantes, grandes barragens, uso da água, a produção de papel, transporte, telecomunicações e turismo internacional. Os segundos 12 reflectem as tendências relativamente ao dióxido de carbono, óxido nitroso, metano, ozono estratosférico, temperatura à superfície, acidificação dos oceanos, captura de peixes marinhos, aquacultura, fluxo de azoto que chega à costa, perda de floresta tropical, transformação do solo e degradação da biosfera terrestre. 

12 tendências do Sistema Terra.

As tendências da Grande Aceleração suportam a sugestão de que a Terra entrou numa nova era geológica - o Antropoceno - cujo termo foi autoria de Paul Crutzen e Eugene Stoermer em 2000. Até agora, o termo ainda não foi formalizado e também questiona-se quanto data do seu início.

Fontes:
Living Planet Report 2018
https://www.wwf.org.uk/sites/default/files/2018-10/wwfintl_livingplanet_full.pdf
Planetary dashboard shows “Great Acceleration” in human activity since 1950
http://www.igbp.net/news/pressreleases/pressreleases/planetarydashboardshowsgreataccelerationinhumanactivitysince1950.5.950c2fa1495db7081eb42.html

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Relatório Living Planet 2018: principais conclusões

No passado mês de Outubro, o WWF e a Zoological Society of London publicaram a mais recente versão do relatório Living Planet, um dos mais importantes documentos a nível mundial sobre a saúde do nosso planeta e o impacto da actividade humana.



No primeiro capítulo, é destacado o papel da biodiversidade para a nossa saúde, bem-estar e segurança alimentar. Estima-se que, globalmente, a natureza fornece serviços que quando avaliados somariam cerca de 125 trilliões de dólares. Também se refere a dúvida por parte dos investigadores se é possível continuar o desenvolvimento humano na ausência de sistemas naturais saudáveis.

No segundo capítulo, onde se explora as ameaças e pressões, são referidas que a sobreexploração e a actividade agrícola, em resultado do consumismo descontrolado, são ainda as principais causas da extinção de espécies. A degradação da solo afecta 75% dos ecossistemas terrestres, reduzindo o bem-estar de mais de 3 mil milhões de pessoas, com grandes custos económicos. As abelhas, outros polinizadores e os nossos solos, que são críticos para a segurança alimentar global, estão sob ameaça crescente. A sobrepesca e a poluição por plásticos estão a ameçar os nossos oceanos, enquanto que a poluição, a fragmentação e destruição de habitats têm levado ao declínio da biodiversidade em ecossistemas de água doce.

Um dos dados mais importantes deste relatório é o que resulta do Índice Living Planet que revela um declínio global de 60% nas populações das espécies entre 1970 e 2014. O mesmo índice mostra que este declínio é mais acentuado nos trópicos, sendo que a América Central e do Sul registam 89% de perda de biodiversidade tendo o ano de 1970 como comparativo.

No último capítulo, conclui-se que, apesar de múltiplos acordos internacionais e da investigação extensiva, a biodiversidade continua em declínio. Portanto mais ambição será necessária para não apenas parar o declínio mas reverter esta tendência. Para isso a visão da Convenção para a Diversidade Biológica (CBD) para o ano de 2050 será fundamental.

Fonte:
Living Planet 2018: https://www.wwf.org.uk/sites/default/files/2018-10/wwfintl_livingplanet_full.pdf

terça-feira, 30 de outubro de 2018

A dificuldade de lidar com o problema das alterações climáticas

A Agência Internacional para Energia concluiu que as emissões globais de dióxido de carbono resultado da produção de energia não cresceram em 2014. Foi a primeira vez em 40 anos que as emissões de dióxido de carbono relacionada com a energia estagnaram ou reduzidas enquanto que a economia crescia.

Esta descida deveu-se à diminuição do uso do carvão para gerar electricidade. Desde 2010, a cada 10 dias, uma central de carvão encerrada ou é agendada para encerramento. Paralelamente, a produção de energia a partir de fontes renováveis aumentou. Na China, o consumo de carvão desceu pela primeira vez em 2014, sendo que as emissões baixaram em 1%, enquanto que a economia cresceu em 7,4%.



No entanto, os resultados de 2014 não mostram uma tendência. No conjunto, as emissões dos gases com efeito de estufa de todas as fontes está ainda a aumentar. Deste modo, muitos cientistas e outros analistas ligados ao clima acreditam que as alterações climáticas são um dos mais urgentes problemas que a humanidade enfrenta a nível científico, político, económico e ético. Porém, um conjunto de características tornam este problema complexo difícil de resolver:

O problema é global. Lidar com esta ameaça requere cooperação internacional sem precedentes e prolongada.

O problema é uma questão política de longo prazo. As alterações climáticas estão a acontecer no momento e estão a ter impactos imediatos, mas não é vista como um problema urgente pela maioria dos governantes e leitores. Para além disso, a maioria da população que irá sofrer os maiores danos das alterações climáticas que se projectam durante a segunda metade do século ainda não nasceu.

Os impactos benéficos e prejudiciais das alterações climáticas não abrangem os países da mesma forma. Países situados em regiões de latitude elevada como o Canadá, Rússia e a Nova Zelândia pode beneficiar ao ver a produtividade agrícola subir e ao registar menos mortes no Inverno e uma redução na factura energética. Contudo, outros países na sua maioria pobres, estão mais vulneráveis aos impactos da subida do nível médio das águas do mar.

As soluções propostas, como reduzir significativamente ou abdicar do uso dos combustíveis fósseis, são controversas. Elas podem introduzir perturbações na economia e ameaçar os lucros das empresas da indústria dos combustíveis fósseis.

Os efeitos previstos têm uma incerteza associada. Os modelos climáticos actuais dão intervalos significativos de aumento de temperatura e aumento do nível médio das águas do mar. Portanto não sabemos se as consequências serão moderadas ou catastróficas, o que torna díficil a tarefa de planear para evitar ou reduzir o risco. Este facto demonstra a necessidade urgente de mais investigação científica para reduzir a incertezas nos modelos climáticos.

Fonte:
Miller & Spoolman, Living in the Environment (19e)

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Índice de Desenvolvimento Humano - Relatório de 2018

O Índice de Desenvolvimento Humano (Human Development Index - HDI) é índice composto por 3 dimensões básicas do desenvolvimento humano: a capacidade de ter uma vida longa e saudável (medida através da esperança média de vida ao nascimento), a capacidade de adquirir conhecimento (medida através da média do número de anos de escolaridade e do número de anos esperados de escolaridade)  e a capacidade de atingir um nível de vida decente (medida através do produto nacional bruto per capita).

Para medir o desenvolvimento humano de forma mais abrangente, o relatório apresenta mais 4 índices: o IHDI (Inequality-adjusted Human Development Index) que desconta a extensão da desigualdade, o GDI (Gender Development Index) que compara os valores de HDI para homens e mulheres, o GII (Gender Inequality Index) que destaca o empoderamento das mulheres e o MPI (Multidimensional Poverty Index) que mede as dimensões não associada ao rendimento.



HDI

O relatório de 2018 apresenta valores de HDI para 189 países e territórios com dados referente ao ano de 2017. Deste conjunto de países, 59 apresenta um HDI muito alto, 53 um HDI alto, 39 um HDI médio e apenas 38 um HDI baixo.

Os países no top 5 são a Noruega, Suiça, Austrália, Irlanda e Alemanha. No outro extremo estão o Burundi, Chad, Sudão do Sul, República Central Africana e Níger. As maiores subidas do ranking entre 2012 e 2017 foram a Irlanda (subiu 13 lugares) e Botswana, República Dominicana e Turquia, que subiram 8 lugares cada um. As maiores descidas pertencem à Síria (27), Líbia (26) e Iémen (20).

Índice de Desenvolvimento Humano em 2018

Apesar de o HDI ter aumentado em todas as regiões e grupos de desenvolvimento humano, as taxas de crescimento variam significativamente. A Ásia do Sul foi a região com maior crescimento no período entre 1990-2017 com 45,3%, seguida da Ásia de Leste e o Pacífico com 41,8% e a África Sub-Sariana com 34,9%. Por outro lado o conjunto dos países da OCDE registou um aumento de 14%.

Evolução do HDI para um conjunto de regiões entre 1990 e 2017.

IHDI

Desde 2010, o IHDI tem sido apresentado no intuito de incluir a distribuição do desenvolvimento human em cada país. Numa situação de perfeita igualdade, o HDI e o IHDI são iguais. Quando existe desigualdade na distribuição da saúde, educação e rendimento, o HDI numa sociedade é inferior ao HDI agregado. Quanto maior é a desigualdade, menor é o IHDI e maior a diferença entre este e o HDI.

Tendo em conta as desigualdades, o valor de HDI global de 2017 cai de 0.728 para 0.582, o que corresponde a queda de 20%, que representa a descida da categoria de desenvolvimento humano de "alto" para "médio". A nível global, a desigualdade de rendimento contribui mais para a desigualdade global, seguida da educação e esperança média de vida. Os países dentro do grupo de desenvolvimento humano muito alto perdem menos do que os grupos com HDI mais baixo.

Diferenças entre o HDI e o IHDI nos 4 grupos de desenvolvimento humano.


Desigualdade de género - GDI e GII

As desvantagens para mulheres e raparigas são uma grande fonte de desigualdade e um dos grandes obstáculos para o progresso do desenvolvimento humano. Para medir as disparidades entre homens e mulheres são utilizados dois índices.

O primeiro é o GDI que mede as conquistas das mulheres e dos homens nas dimensões básicas do desenvolvimento humano. A nível mundial, a média do HDI para as mulheres (0.705) é 5,9% inferior à dos homens (0.749). Grande parte desta diferença é explicada pelos menores rendimentos e menor escolaridade que as mulheres possuem. Por outro lado a disparidade de género é maior nos países com baixo desenvolvimento humano, onde o valor médio de HDI é 13,8 inferior das mulheres em relação aos homens.

Diferenças entre o HDI para homens e mulheres e o correspondente GDI para 6 regiões do mundo.

O outro índice, o GII, que mede as desigualdades que as mulheres enfrentam na saúde reprodutiva, na educação, na representação política e no mercado de trabalho. Quanto maior o valor de GII, maior a desigualdade de género - que ocorre em todos os países. O valor global de GII em 2017 foi 0.441. O valor das regiões varia entre os 0.270 para a Europa e Ásia Central e os 0.569 para a África sub-sariana.

GII para 6 regiões do mundo.

Fonte:

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Biodiversidade e as Alterações Climáticas

As alterações climáticas têm impacto na biodiversidade através de uma complexa interacção entre as espécies e os seus habitats. Tanto a estrutura dos habitats e as suas funções ecológicas irão se alterar num novo regime climático. No entanto, o movimento das espécies para dentro e fora de uma comunidade irá também afectar também os elementos físicos de um ecossistema e outras espécies.



As alterações às condições e recursos locais irão, portanto, influenciar a capacidade de um espécie sobreviver. Se uma espécie não pode sobreviver num ecossistema, tem duas escolhas. Se tem  uma rápida capacidade de dispersão, pode mudar-se, no caso de existir um habitat alternativo acessível e apropriado. Ou pode gradualmente desaparecer em diferentes locais e pode, por fim, extinguir-se.

Directa ou indirectamente, as alterações climáticas podem produzir uma variedade de efeitos nas populações, tais como:

  • Alterações na distribuição devido à perda de habitat;
  • Alterações aos limites de dispersão através dos movimentos de contracção e expansão;
  • Alterações fenológicas através da alteração do timing de etapas da vida das espécies;
  • Alterações ecológicas através do desequilíbrio entre os momentos do ciclo de vida das espécies e as fontes de alimento, desaparecimento de ligações entre predador e presa, novas invasões e a expansão de espécies exóticas invasoras já estabelecidas. 
Sob um novo regime climático os indivíduos de algumas espécies podem colonizar regiões novas e mais apropriadas. No entanto, um conjunto de factores pode limitar a disponibilidade e acessibilidade de tais áreas, como são as alterações e fragmentação do uso de solo, alterações hidrológicas, nitrificação e o aumento do nível do mar.

Entre os ecossistemas mais vulneráveis estão os recifes de coral, mares polares, áreas húmidas costeiras, florestas de altitude e a tundra árctica e alpina.

Mapa de vulnerabilidade sob alterações climáticas. 
(Fonte: https://news.mongabay.com/2013/09/which-ecosystems-are-most-vulnerable-to-climate-change/)

As alterações na composição das espécies, na estrutura dos habitats e no funcionamento dos ecossistemas serão notadas e em combinação, podem afectar a resiliência dos ecossistemas e dos serviços que prestam à humanidade.

Fonte:

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Eventos meteorológicos extremos e as alterações climáticas

Segundo o IPCC (Intergovermental Panel on Climate Change), um evento meteorológico extremo é um evento que é raro num local e altura do ano específicos. Por definição, as características do que denomina tempo extremo podem variar de local para local. Quando um padrão de tempo extremo persiste durante um tempo, como seja uma estação, este pode ser classificado como um evento climático extremo.

No 5º relatório de avaliação, o mesmo organismo, referiu que as alterações em muitos eventos meteorológicos e climáticos têm sido observados desde 1950. Sendo que algumas alterações têm sido ligadas à influência do homem, como a diminuição dos extremos de temperaturas baixas, o aumento dos extremos de temperaturas altas, o aumento dos níveis extremos do nível do mar e o aumento do número de eventos de precipitação elevada em várias regiões do globo. No entanto, não existe à data, prova suficiente para ligar um evento meteorológico extremo em específico com as alterações climáticas.

Ondas de calor

As ondas de calor são períodos com altas temperaturas que duram dias ou semanas. A frequência deste tipo de evento tem aumentado em grandes áreas na Europa, Ásia e Austrália. E é com grande probabilidade que que o aumento da frequência e a intensidade deste extremos estejam relacionadas com a actividade do homem.
Percentagem de área nos 48 estados dos Estados Unidos com temperaturas invulgarmente elevadas entre 1910 e 2015.

Calor extremo nos meses de Junho e Julho de 2018 em diversas cidades do globo.

Precipitação elevada

A frequência e a intensidade de eventos com precipitação elevada tem aumentado na América do Norte e na Europa. Os cientistas prevêem que esta tendência continue à medida que a temperatura média global aumenta, que se explica pelo facto de um ar mais quente conseguir reter mais vapor de água. Por cada grau de aquecimento, a capacidade de retenção de vapor de água aumenta em cerca de 7%.

O aumento de eventos com precipitação elevada pode não significar um aumento da precipitação total durante uma estação ou durante um ano. Alguns modelos climáticos prevêem uma diminuição da precipitação moderada e um aumento da duração de período secos que será compensado com eventos com precipitação intensa.

Perdas

Os desastres resultantes de eventos meteorológicos extremos têm provocado um aumento substancial das perdas directas e indirectas nas últimas décadas quer a nível regional e global. A crescente exposição dos activos pessoais e económicos tem sido a principal causa por detrás do aumento das perdas económicas devido a desastres relacionados com eventos meteorológicos e climáticos extremos.

Número de eventos relacionados com perdas resultantes de fenómenos meteorológicos a nível mundial entre 1980-2014.
Perdas relacionadas com eventos meteorológicos entre 1980 e 2014 a nível mundial (em milhares de milhões de dólares).
Fontes:
IPCC, Climate Change 2014 - Synthesis Report.
https://www.c2es.org/content/extreme-weather-and-climate-change/

segunda-feira, 2 de julho de 2018

As secas e as alterações climáticas

A seca ocorre quando a evaporação devida a altas temperaturas excede a precipitação por longos períodos de tempo. No entanto, a definição de seca pode variar em função da área de conhecimento. Para um meteorologista, a seca é a falta de precipitação conhecida como a "seca meteorológica". Para um agricultor a seca pode ser a falta de chuva que afecta a humidade no solo e o crescimento das culturas ("seca agrícola"). Enquanto que para um hidrologista é mais importante quando existe um impacto nos caudais dos rios, nos aquíferos e reservatórios.

Tipos de seca.

Estas definições mostram-nos que a precipitação não é o único factor. As altas temperaturas, o tipo de vegetação, o tipo de solo e a topografia afectam a intensidade das secas. As actividades humanas também desempenham um importante papel através da forma como usamos a água e alteramos o uso do solo através da desflorestação e expansão das áreas agrícolas e urbanas.

Um estudo aponta para que pelos menos 30% da área da Terra (excluindo a Antárctica) já foi afectada por secas severas e prolongadas. Entre as regiões mais afectadas estão a Califórnia, o Mediterrâneo, o Leste e Sul de África e Austrália. De acordo com um estudo da NASA, cerca de 45% da área da Terra pode ser afectada por fenómenos de seca extrema até 2059.

Stress hídrico no Mundo.
(Fonte: World Resources Instittute)

Existem numerosas formas de quantificar uma seca. Estes índices levam em conta diversas variáveis que podem ser medidas, directamente ou indirectamente, com a precipitação, temperatura, evaporação, humidade no solo, caudais dos rios e níveis dos reservatórios de água.

Uma das medidas mais comuns é o Palmer Drought Severity Index (PDSI). Este índice usa estimativas mensais da evapotranspiração (calculada em função da temperatura) e dados da precipitação bem como a informação quanto à capacidade do solo reter água.


Dada a multiplicidade dos factores que contribuem para uma seca, não se torna fácil identificar a influência das alterações climáticas. O IPCC em 2013 concluiu que existia "pouca confiança" em relação à influência das alterações climáticas na tendência das secas.

No entanto, estudos mais recentes que usam modelos climáticos, registos paleoclimáticos e observações demonstram claramente que as alterações climáticas têm desempenhado um papel nas secas recentes.

Por exemplo, a diminuição da precipitação no Mediterrâneo causada pelas alterações climáticas levou ao aumento do risco de seca na região, amplificando eventos recentes com a seca que antecedeu a Guerra Civil na Síria.



As previsões apontam para um aumento do risco de seca em muitas regiões no Mundo. Regiões como o Mediterrâneo, América Central, Sudoeste dos Estados Unidos e área subtropicais do hemisfério sul serão as mais afectadas. Esta situação ocorre em função da diminuição da precipitação provocada pelas alterações climáticas, mas também em função do efeito directo do aumento das temperaturas, que aumenta as perdas de água por evaporação à superfície, causando um derretimento precoce da neve e mudanças da precipitação da neve para chuva.



Quando a precipitação ocorrer, será de menor duração e com uma intensidade maior. O que significa que os Verões serão caracterizados por tempo seco interrompido por chuvas fortes. Como resultado, o escoamento no Verão poderá aumentar, beneficiando o enchimento de rios, lagos e reservatórios, o que não alivia os défices de humidade no solo e a escassez de água no sub-solo.

Com um futuro mais seco, as soluções estarão na melhoria da gestão dos recursos hídricos e a cooperação entre stakeholders e na redução dos gases com efeito de estufa a fim de limitar os efeitos das alterações climáticas e o risco de seca em muitas regiões.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Índice Global da Paz 2018 - Principais conclusões


O Instituto para a Economia e a Paz (Institute for Economics & Peace) acaba de publicar a décima segunda edição do Índice Global da Paz (Global Peace Index - GPI). Este índice avalia 163 estados independentes e territórios de acordo com o seu nível de paz.

O GPI abrange 99,7% da população mundial usando 23 indicadores qualitativos e quantitativos e avaliar o estado da paz utilizando três domínios: o nível de segurança na sociedade, conflitos domésticos e internacionais e o grau de militarização.

Os principais resultados de 2018

O nível global de paz deteriorou-se em 0,27% no último ano, marcando o quarto ano consecutivo de descida. No total, 92 países viram o seu GPI descer, enquanto que 71 melhoraram o seu resultado.

Top 20 dos países com melhores resultados.

O Médio Oriente e o Norte de África continua a ser as regiões menos seguras do mundo. 4 dos 10 países menos seguros do mundo, encontra-se nessas duas regiões. Por outro lado, a Europa continua a ser a região do globo mais segura desde a criação deste índice. No entanto o índice piorou pelo terceiro ano consecutivo devido ao aumento da instabilidade política, do impacto do terrorismo e da percepção da criminalidade.

Os 20 países com pior resultado no GPI.

Todos os domínios do GPI pioraram no último ano, sendo que o domínio dos conflitos foi o que mais piorou. A despesa militar como percentagem do PIB continuou a descer, com 88 países a registarem uma melhoria e 44 a registarem uma deterioração.

Impacto económico da violência

O impacto económico global da violência foi de 14,76 biliões de dólares em 2017, o que equivale a 12,4% do PIB mundial, ou seja, 1988 dólares por pessoa. Esse impacto cresceu 16% desde 2012, aquando do início da Guerra Síria e o aumento de violência após a Primavera Árabe. A Síria, o Afeganistão e o Iraque incorreram nos maiores custos com pesos no PIB de 68%, 63% e 51%, respectivamente.

Impacto económico global da violência entre 2007 e 2017.

Fonte:
Global Peace Index 2018 (visionofhumanity.org/app/uploads/2018/06/Global-Peace-Index-2018-2.pdf)

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Acidificação dos oceanos

A química

Quando o dióxido de carbono (CO2) é absorvido pelos oceanos, um conjunto de reacções químicas ocorrem que reduzem o pH dos oceanos, a concentração de iões carbonato e a saturação de estados de minerais de carbonato de cálcio importantes biologicamente. A este conjunto de reacções químicas chamamos de acidificação dos oceanos.

Os minerais de carbonato de cálcio são componentes essenciais de esqueletos e conchas de muitos animais marinhos. Nos locais onde existe mais diversidade destes organismos, a água do mar é bastante saturada em minerais de carbonato de cálcio, o que significa que os organismos marinhos têm maior disponibilidade para construírem as suas estruturas. No entanto, a continuada acidificação dos oceanos está a causar que em muitas áreas dos oceanos estão a tornar-se pouco saturadas com esses minerais, o que afecta a capacidade dos organismos de produzir e manter as suas conchas e esqueletos.

Desde o início da Revolução Industrial, o pH das águas superficiais dos oceanos desceu em 0.1 unidades de pH. Pode parece pouco, mas como a escala de pH é logarítmica, esta descida representa um aumento de aproximadamente de 30% da acidez.

As previsões indicam que os oceanos continuarão a absorver dióxido de carbono, aumentando ainda mais a acidez dos oceanos. As estimativas dos níveis futuros de dióxido de carbono, baseadas em cenários de emissão "business as usual", indicam que até ao fim do século as águas superficiais podem ter níveis de acidez 150% mais elevados. Uma situação que não se verifica há mais de 20 milhões de anos.

pH dos oceanos, concentração de dióxido de carbono nos oceanos e na atmosfera entre 1940 e 2010.
(Fonte: http://ocean.si.edu/ocean-photos/ocean-acidification-graph)

O processo

Podemos dividir o processo de acidificação dos oceanos em três fases. Na primeira fase o dióxido de carbono atmosférico é absorvido pelos oceanos. Na segunda fase, o dióxido de carbono reage com a água dos oceanos formando ácido carbónico (H2CO3) que resulta na diminuição do pH. Por último, os iões de hidrogénio libertados pelo ácido carbónico unem-se ao carbonato (CO3, 2-) para formar iões de bicarbonato (HCO3-). A concentração de carbonato desce, o que dificulta a formação de carbonato de cálcio por parte dos organismos marinhos.

Processo de acidificação dos oceanos.
(Fonte: http://www.oceanacidification.org.uk/)

Os impactos biológicos

A acidificação dos oceanos terá diferentes impactos nas espécies marinhas. As algas fotossintéticas e as ervas marinhas podem vir a beneficiar do aumento da concentração de CO2 nos oceanos, à semelhanças das plantas em terra. Por outro lado, os estudos mostram que a diminuição da concentração de carbonato de cálcio pode ter um efeito dramático em algumas espécies como as ostras, ameijoas, ouriços do mar, corais e plankton calcário. 

Dissolução de um molusco em condições de acidez no período de 45 dias.
(Fonte: https://coastadapt.com.au/ocean-acidification-and-its-effects)

Os impactos para a sociedade

As alterações nos ecossistemas marinhos terão consequências para as sociedades humanas, que dependem dos bens e serviços que estes ecossistemas fornecem. As implicações podem incluir a perda de receitas substanciais, perda de posto de trabalho e lares e outros custos económicos indirectos.

Os impactos socioeconómicos associados com o declínio destes serviços de ecossistema são a a diminuição da segurança alimentar, a diminuição da protecção costeira, a diminuição das receitas do turismo e a diminuição da capacidade de armazenamento de carbono e regulação do clima por parte dos oceanos.

Ilustração da diminuição da apanha de moluscos e as respectivas consequências económicas.
(Fonte: https://www.epa.gov/ocean-acidification/effects-ocean-and-coastal-acidification-ecosystems)

Fontes:

quinta-feira, 5 de abril de 2018

O nível das águas do mar está a subir



Em 2014, o IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) estimou que o nível médio das águas do mar irá provavelmente subir 40 a 60 centímetros até ao final do século. Entre 50 a 66% desta subida dever-se-à ao derretimento do gelo da Gronelândia. No entanto, este derretimento pode acelerar dependendo do ritmo de derretimento do gelo da Gronelândia e do Oeste da Antárctica à medida que as temperaturas aumentam, e produzir aumento do nível das águas do mar entre 0,9 a 2,0 metros.

Alteração do nível das águas do mar entre 1870 e 1990 (em milímetros).


Previsões do aumento do nível médio das águas do mar (em metros) até 2100.

O aumento do nível das águas do mar não será uniforme em todo o mundo, devido a factores como as correntes marítimas e os ventos. Até 2100, por exemplo, o nível das águas do mar do Bangladesh pode aumentar 4 metros.

De acordo com o IPCC, o aumento em 1 metro no nível das águas do mar durante este século pode ter as seguintes consequências (excluindo os efeitos resultantes de tempestades):

  • Degradação ou destruição de pelo menos 1/3 dos estuários, zonas húmidas, recifes de corais e deltas do mundo.
  • Perturbações na pesca costeira.
  • Inundações de vastas áreas continentais.
  • Inundações e erosão de ilhas de baixa altitude e zonas costeiras com baixo declive.
  • Submersão de ilhas de baixa altitude no Oceano Índico, Oceano Pacífico e Mar das Caraíbas.
  • Inundação de algumas das maiores cidades costeiras como Kolkata e Mumbai (Índia), Dhaka (Bangladesh), Guangzhou e Shangai (China), Ho Chi Minh City e Haiphong (Vietname), Rangoon (Birmânia) e Miami e Nova Iorque (Estados Unidos). O que pode levar à deslojamento de 150 milhões de pessoas.
  • Contaminação dos aquíferos costeiros pela intrusão de água salgada, o que resulta na diminuição de água potável para irrigação e consumo.



Para além do derretimento do gelo das camadas de gelo na Gronelândia e na Antárctica ocidental, o nível das águas do mar também acontece devido ao derretimento de glaciares e gelo nos picos das montanhas e à expansão térmica dos oceanos. Esta última contribuiu em cerca de 38% para o aumento do nível médio das águas do mar entre 1972 e 2008.


Contribuições para o nível médio das águas do mar.


Fontes:
Living in the environment (G. Tyler Miller & Scott E. Spoolman)

quarta-feira, 21 de março de 2018

Relatório da felicidade mundial 2018



A cerca de uma semana do Dia Internacional da Felicidade, foi anunciado o novo relatório da felicidade mundial que para além do ranking dos níveis e das alterações da felicidade no mundo, faz um especial enfoque no tema da migração.

As classificações neste relatório têm como base os resultados de inquéritos efectuados entre 2015 e 2017 que ilustram a performance de cada país em 6 domínios: rendimento, esperança de vida saudável, suporte social, liberdade, confiança e generosidade.

Este relatório traz um novo número um - a Finlândia - embora as primeiras 10 posições são ocupadas pelos mesmos países nos dois últimos anos - Noruega, Dinamarca, Islândia, Suíça, Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Suécia e Austrália. No outro lado do ranking, encontramos o Burundi como país com menor pontuação seguido da República Centro Africana, Sudão do Sul, Tanzânia, Iémen, Ruanda, Síria, Libéria, Haiti e Malawi.

Top 10 dos países com maior pontuação.

Top 10 dos países com menor pontuação.

No que diz respeito à evolução na felicidade entre o período 2008-2010 e 2015-2017, o país que registou a maior evolução positiva foi o Togo, seguida da Letónia, Bulgária e Serra Leoa. O país que registou maior descida foi a Venezuela, seguida do Malawi, Síria e Iémen.

Numa visão agregada, o conjunto dos países apresentou uma pontuação média inferior à apresentada no relatório de 2017 e as regiões com pontuação mais elevada são a América do Norte e Austrália e Nova Zelândia, Europa Ocidental e América Latina e Caraíbas.

Fonte:
World Happiness Report 2018

quinta-feira, 1 de março de 2018

Emissões de metano do permafrost e das zonas húmidas tropicais

O permafrost (subsolo congelado) ocorre em 25% dos solos do Alasca, Canadá e Sibéria no hemisfério Norte. As alterações climáticas com origem antropogénica irão, segundo as previsões, provocar o degelo de quantidades significativas de permafrost. Este degelo já está a acontecer em partes do Alasca e Canadá. Se esta tendência continuar, uma grande quantidade de matéria orgânica que se encontra debaixo do permafrost irá deteriorar-se e libertar grandes quantidades de metano e dióxido de carbono.

Permafrost.

Estima-se que o permafrost no Árctico contém duas a quatro vezes mais carbono do que todo o carbono libertado pelos humanos até agora. Basta apenas a libertação de 5 a 10% da quantidade de metano contida no permafrost para acelerar o aquecimento global, que por sua vez iria acelerar o degelo do permafrost, criando um feedback positivo que se poderá traduzir num ponto de não retorno (tipping point).

Libertação de metano do permafrost.

Alguns cientistas estão preocupados com outra fonte de metano - uma camada de permafrost no fundo do oceano Árctico. Os estudos indicam a existência de bolhas de metano a atingir a superfície.

Noutras regiões mais quentes do mundo, outra possível fonte de metano que são as zonas húmidas dos trópicos. Se a precipitação aumentar nas regiões tropicais como projectado, essas zonas húmidas irão expandir-se e produzir mais plantas, que irão decompor-se e produzir metano através da decomposição anaeróbia. Estas fontes são, por vezes, denominadas com bombas-relógio de metano.

Bombas-relógio de metano.

As emissões de metano pelas duas fontes mencionadas neste artigo (permafrost e zonas húmidas tropicais) totalizam cerca de 41% das emissões totais de metano e constituem os principais fluxos naturais. Contudo não devemos esquecer que as outras duas fontes principais de metano têm origem em actividades como a produção e queima de combustíveis fósseis com cerca de 105 milhões de toneladas por ano e a agricultura e gestão de resíduos com cerca de 188 milhões de toneladas por ano. Estas duas fontes antropogénicas constituem aproximadamente 52% das emissões totais.

No quadro actual, estamos a injectar cerca de 10 milhões de toneladas de metano todos os anos para a atmosfera.

Balanço do metano a nível global.

Fonte:
Living in the environment (G. Tyler Miller & Scott E. Spoolman)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Índice de Percepção da Corrupção de 2017

O Índice de Percepção da Corrupção de 2017 mostra que a maioria dos países fez poucos ou nenhuns esforços para terminar com a corrupção. Este índice classifica 180 países e territórios em função dos níveis de corrupção do sector público percebidos de acordo com a opinião de especialistas e homens de negócio. A escala vai de 0 (altamente corrupto) a 100 (isento de corrupção).

Este ano o índice mostra que mais de dois terços dos países têm uma pontuação abaixo dos 50, com uma média de 43, que confirma a continuação do mau desempenho geral.

Mapa mundial da corrupção em 2017.

A Nova Zelândia e a Dinamarca obtiveram os melhores resultados com 89 e 88, respectivamente. No outro extremo encontramos a Síria, Sudão do Sul e Somália com resultados de 14, 12 e 9, respectivamente. Em termos de regiões, a Europa ocidental obteve com um resultado médio de 66. As regiões com pior performance foram a África sub-sariana (32) e a Europa de leste e a Ásia central (34).


Mapa e resultados do índice na União Europeia e Europa ocidental.

Mapa e resultados do índice na Europa de leste e Ásia central.

Mapa e resultados do índice na África sub-sariana.

Desde 2012, diversos países melhoraram a sua performance caso da Costa do Marfim, Senegal e Reino Unido, por outro lado, Síria, Íemen e Austrália pioraram.

A Transparency International, organização responsável pela elaboração deste relatório, releva o papel dos activistas e dos media no combate à corrupção. Nessa linha a organização destaca 5 recomendações dirigidas à comunidade global:
  • Os governos e empresas devem fazer mais para encorajar a liberdade de expressão, media independentes, discordância política e uma sociedade civil aberta e empenhada.
  • Os governos devem tornar mínima a legislação sobre os media e assegurar que os jornalistas possam trabalhar sem medo de repressão ou violência.
  • A sociedade civil e os governos devem promover legislação que permite o acesso à informação.
  • Os activistas e os governos devem tirar partido do momentum gerado pelos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para defender e pressionar para que reformas possam ser implementadas a nível nacional e global.
  • Os governos e empresas devem pro-activamente revelar informação relevante para o público em formato aberto.

Fonte: