Um dos problemas mais complicados de resolver dentro do contexto do desenvolvimento sustentável é a forma do Mundo se alimentar a si próprio. Este é um problema antigo, apesar de muitas pessoas pensarem que tinha sido resolvido com grandes desenvolvimentos na produtividade alimentar baseados em avanços científicos. Especialmente durante a revolução verde que aconteceu durante os anos 60, parecia que a produção alimentar iria satisfazer a população em crescente número. Agora temos sérias dúvidas.
Estes alertas têm estado connosco por mais de dois séculos, começando em 1798 com Thomas Robert Malthus que, no Ensaio sobre o Príncipio da População, apresentou o desafio da segurança alimentar para uma população crescente número. O argumento básico era que um estímulo temporário na produção de alimentos, capaz de aliviar a insegurança alimentar, iria causar um aumento de população a ponto da humanidade regressar a uma situação de insegurança.
Quando Malthus colocou este problema, existiam 900 milhões de pessoas no planeta. Desde então, a população aumentou por um factor de 8. Com 7,4 mil milhões de pessoas no planeta e com a população a crescer cerca de 75 milhões de pessoas por ano, o desafio de alimentar o planeta está novamente presente. Porém, o problema é ainda mais complicado do que Malthus poderia imaginar, por quatro razões:
Outro tipo de mal-nutrição, ainda que menos visível, é a chamada fome oculta ou insuficiência de micronutrientes. A quantidade de calorias e proteínas podem ser suficiente mas os micronutrientes como as vitaminas e alguns ácidos gordos não estão presentes na dieta de forma adequada. Este tipo de insuficiências resultam em vários tipos de doença e vulnerabilidade a infecções. Em muitos países de baixo rendimento prevalecem as deficiências de micronutriente chave com a vitamina A, vitamina B12, zinco, ferro, ómega 3 e iodo.
O terceiro tipo de mal-nutrição atinge agora proporções epidémicas em muitas partes do mundo, em especial os países mais ricos, que é a ingestão excessiva de calorias levando à obesidade, o que significa que a massa corporal é demasiada para a altura do individuo. Tecnicamente, a obesidade é normalmente definida quando o índice de massa corporal (IMC) é superior a 30. Massa corporal excessiva é definida quando o IMC é superior a 25. Estima-se que aproximadamente 1/3 dos adultos tem massa corporal excessiva e que 10 a 15 % sejam obesos.
Em suma, os números são impressionantes. Cerca de 900 milhões de pessoas sofrem de fome crónica. Talvez 1 milhar de milhão sofrem de uma ou outra insuficiência de micronutrientes. Aproximadamente, 1 milhar de milhão de pessoas são obesas. E portanto, no total, à volta de 3 mil milhões de pessoas estão numa situação de mal-nutrição, o que representa 40% da população.
Estes alertas têm estado connosco por mais de dois séculos, começando em 1798 com Thomas Robert Malthus que, no Ensaio sobre o Príncipio da População, apresentou o desafio da segurança alimentar para uma população crescente número. O argumento básico era que um estímulo temporário na produção de alimentos, capaz de aliviar a insegurança alimentar, iria causar um aumento de população a ponto da humanidade regressar a uma situação de insegurança.
Quando Malthus colocou este problema, existiam 900 milhões de pessoas no planeta. Desde então, a população aumentou por um factor de 8. Com 7,4 mil milhões de pessoas no planeta e com a população a crescer cerca de 75 milhões de pessoas por ano, o desafio de alimentar o planeta está novamente presente. Porém, o problema é ainda mais complicado do que Malthus poderia imaginar, por quatro razões:
- Uma parte significante da população mundial é subnutrida.
- A população mundial continua a aumentar.
- As alterações climáticas e outras alterações no ambiente ameaçam a produção de alimentos no futuro.
- O sistema alimentar é ele próprio, um responsável importante para as alterações climáticas e outras ameaças ambientais.
Outro tipo de mal-nutrição, ainda que menos visível, é a chamada fome oculta ou insuficiência de micronutrientes. A quantidade de calorias e proteínas podem ser suficiente mas os micronutrientes como as vitaminas e alguns ácidos gordos não estão presentes na dieta de forma adequada. Este tipo de insuficiências resultam em vários tipos de doença e vulnerabilidade a infecções. Em muitos países de baixo rendimento prevalecem as deficiências de micronutriente chave com a vitamina A, vitamina B12, zinco, ferro, ómega 3 e iodo.
O terceiro tipo de mal-nutrição atinge agora proporções epidémicas em muitas partes do mundo, em especial os países mais ricos, que é a ingestão excessiva de calorias levando à obesidade, o que significa que a massa corporal é demasiada para a altura do individuo. Tecnicamente, a obesidade é normalmente definida quando o índice de massa corporal (IMC) é superior a 30. Massa corporal excessiva é definida quando o IMC é superior a 25. Estima-se que aproximadamente 1/3 dos adultos tem massa corporal excessiva e que 10 a 15 % sejam obesos.
Em suma, os números são impressionantes. Cerca de 900 milhões de pessoas sofrem de fome crónica. Talvez 1 milhar de milhão sofrem de uma ou outra insuficiência de micronutrientes. Aproximadamente, 1 milhar de milhão de pessoas são obesas. E portanto, no total, à volta de 3 mil milhões de pessoas estão numa situação de mal-nutrição, o que representa 40% da população.
A figura abaixo mostra que a fome crónica está fortemente concentrada na África subsariana e no Sul da Ásia. Mais de 1/3 da população na África subsariana, em especial a África central e do sul, é subnutrida. Já no Sul da Ásia, esses valores atingem os 20 e os 33%.
A fome oculta afecta não só aqueles com subnutrição crónica mas também aqueles que têm uma ingestão adequada de calorias mas uma variedade inadequada de nutrientes na sua dieta. A figura abaixo mostra as deficiências de micronutrientes (ferro, vitamina A e zinco) através de um índice.
De nota as taxas elevadas de deficiências de micronutrientes nas regiões do Sul da Ásia, Ásia ocidental e central, África subsariana e a região dos Andes.
A obesidade assinala o outro extreme do espectro mal-nutrição e também causa um número tremendo de doenças e mortes prematuras. Como podemos observar na figura abaixo, Estados Unidos, México, Venezuela e diversos países do Médio Oriente e Norte de África, África do Sul e outros países apresentam taxas de obesidade acima dos 30%.
Mapa da fome traduzido em percentagem de sub-nutrição em 2013 (Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/78/Percentage_population_undernourished_world_map.PNG) |
A fome oculta afecta não só aqueles com subnutrição crónica mas também aqueles que têm uma ingestão adequada de calorias mas uma variedade inadequada de nutrientes na sua dieta. A figura abaixo mostra as deficiências de micronutrientes (ferro, vitamina A e zinco) através de um índice.
Índice de fome oculta em 2013 (Fonte: http://globalnutritionreport.org/files/2014/10/S-and-L_Hidden-Hunger_2.jpg) |
De nota as taxas elevadas de deficiências de micronutrientes nas regiões do Sul da Ásia, Ásia ocidental e central, África subsariana e a região dos Andes.
A obesidade assinala o outro extreme do espectro mal-nutrição e também causa um número tremendo de doenças e mortes prematuras. Como podemos observar na figura abaixo, Estados Unidos, México, Venezuela e diversos países do Médio Oriente e Norte de África, África do Sul e outros países apresentam taxas de obesidade acima dos 30%.
Prevalência da obesidade em 2008 (Fonte: http://www.downeyobesityreport.com/wp-content/uploads//Global_Obesity_BothSexes_2008.png) A insegurança alimentar irá provavelmente piorar antes que aconteçam melhorias. Não só o número de pessoas mal-nutridas é enorme, mas também o sistema de produção e fornecimento de alimentos são desestabilizados pelas alterações climáticas e desastres ambientais. Para além disso, a procura global por cereais está a aumentar a um ritmo superior da população, o que coloca uma pressão no preço dos produtos. Será que a oferta conseguirá responder a estes desafios no futuro?
Fonte:
The Age of Sustainable Development - Jeffrey D. Sachs
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