quinta-feira, 13 de julho de 2017

Como podemos parar o crescimento da população humana?

Assumindo que a nossa população irá exceder a capacidade dos recursos da Terra para nos suportar, mesmo não sabendo quando isso irá acontecer, muitos cientistas defendem a adopção de uma abordagem de precaução através de medidas para abrandar ou parar o crescimento populacional. Estudos científicos têm mostrado que as três medidas mais importantes para atingir esse objectivo são: 1) reduzir a pobreza principalmente através do desenvolvimento económico e da educação primária universal, 2) elevar o estatuto da mulher e 3) encorajar o planeamento familiar e os cuidados de saúde reprodutiva.

Desenvolvimento económico

Os especialistas em demografia, ao examinar as taxas de natalidade e mortalidade dos países da Europa ocidental que se iriam tornar industrializados durante o século XIX, desenvolveram uma evolução da população denominada de transição demográfica. À medida que os países se tornam industrializados e economicamente desenvolvidos, num primeiro momento as taxas de mortalidade descem e a que se segue uma descida das taxas de natalidade. De acordo com esta hipótese, esta transição pode identificar 5 fases.

Transição demográfica em 5 fases
(Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8c/Demographic-TransitionOWID.png/600px-Demographic-TransitionOWID.png)

Alguns analistas acreditam que a maioria dos países menos desenvolvidos irão fazer a transição demográfica durante as próximas décadas, em grande parte porque a tecnologia moderna pode trazer rendimentos que permitirão desenvolvimento económico e acesso a planeamento familiar. No entanto, outros analistas temem que o rápido crescimento da população, a pobreza extrema e a crescente degradação ambiental em países de baixos rendimento e menos desenvolvidos - especialmente países africanos - podem deixar esses países "presos" na fase 2.

Muitos destes países são classificados como estados falhados. São estados onde os governos nacionais não mais garantem a segurança pessoal da maior parte das pessoas, principalmente porque perderam controlo sobre todo ou a maior parte do território. Nestes estados os governos não conseguem assegurar os serviços básicos (segurança alimentar, cuidados de saúde e educação) às populações. Normalmente, a guerra civil acaba por se instalar, quando a regra da lei e ordem deixa de existir e grupos opostos lutam pelo poder. Em alguns estados falhados também se podem tornar campos de treino para grupos terroristas internacionais que em muitos casos recrutam jovens adultos em condições economicamente débeis e desempregados. 17 dos 20 estados falhados tinham em 2008 taxas de crescimento populacional altas, taxas de fertilidade total elevadas e uma grande percentagem da sua população abaixo dos 15 anos.

Top 20 dos Estados Falhados em 2008
(Fonte: https://grist.files.wordpress.com/2010/01/top_20_failing_states_83zoom.gif)

Outros factores que podem impedir alguns países menos desenvolvidos de continuarem a sua transição demográfica são a média de idade de cientistas, engenheiros e profissionais qualificados, capital financeiro insuficiente, dívidas elevadas a países mais desenvolvidos e uma descida da assistência económica dos países mais desenvolvidos desde 1985.

Capacitação das mulheres

Um número de estudos mostraram que as mulheres tendem a ter menos filhos se tiveram acesso a educação, se têm a capacidade de controlar a sua própria fertilidade, se têm a capacidade de gerar o seu rendimento e se vivem em sociedades que não reprimam os seus direitos. Apesar de as mulheres totalizarem cerca de 50% da população, na maior parte das sociedades têm menos direitos e oportunidades educativas e económicas do que os homens têm.

As mulheres fazem quase todo o trabalho doméstico e a guarda das crianças do Mundo em troca de pouco ou nenhum pagamento e prestam mais cuidados de saúde (dentro das suas famílias) do que todos os serviços de saúde do Mundo combinados. Elas também fazem 60 a 80% do trabalho associado à agricultura, recolha e transporte de madeira e estrume animal para combustível e transporte de água em áreas rurais de África, América Latina e Ásia. Da mesma forma, as mulheres constituem 70% da população pobre do Mundo e 64% dos 800 milhões de adultos iletrados.

Em virtude de os filhos serem mais valorizados que as filhas em muitas sociedades, as raparigas são mantidas em casa em vez de terem a possibilidade de irem para a escola. A nível global, o número de raparigas com idade escolar que não frequenta a escola primária ultrapassa os 900 milhões. A literacia tem um impacto significativo nas taxas de fertilidade e no crescimento populacional.

Nos países menos desenvolvidos, um número crescente de mulheres estão a assumir o controlo das suas vidas e do seu comportamento reprodutivo. Esta mudança contribuirá para a estabilização das populações e redução da pobreza e degradação ambiental e permitirá um maior acesso a direitos humanos básicos.

Planeamento Familiar

O planeamento familiar fornece serviços de educação e clínicos que ajudam os casais a escolher quantas crianças vão ter e quando vão tê-las. Tais programas variam de cultura para cultura, mas a maioria oferece informação sobre espaçamento de nascimentos, controlo da natalidade e cuidados de saúde para mulheres grávidas e crianças.

O planeamento familiar tem sido um factor fundamental para reduzir o número de nascimentos por todo o Mundo. Também tem ajudado a reduzir o número de abortos realizados em cada ano e o número de mães e fetos a morrerem durante a gravidez.

Estudos da Divisão da População das Nações Unidas e de outras agências indicam que o planeamento familiar é responsável por 55% da descida das taxas de fertilidade totais nos países menos desenvolvidos, de 6.0 em 1960 para 2.7 em 2010.

O planeamento familiar tem também benefícios financeiros. Estudos mostram que cada dólar gasto em planeamento familiar em países como a Tailândia, Egipto e Bangladesh, são poupados 10 a 16 dólares em custos de saúde, educação e serviço social pela prevenção de nascimentos não desejados.

Apesar destes avanços, dois problemas permanecem. Primeiro, 42% de todas as gravidezes em países menos desenvolvidos são não planeados 26% acabam em aborto, de acordo com o Fundo da População das Nações Unidas. Segundo, estima-se que 201 milhões de casais em países menos desenvolvidos querem limitar o número de filhos e definir o espaçamento entre nascimentos, mas não têm acesso a planeamento familiar. Se estas necessidades fossem correspondidas poderiam ser evitadas 52 milhões de gravidezes não desejadas, 22 milhões de abortos e 142 mil mortes relacionadas com a gravidez. Isto poderia reduzir em mais de 1 milhar de milhão de pessoas a população projectada para 2050, com um custo médio de 20 dólares por casal por ano.

Números do planeamento familiar nos países em desenvolvimento
(Fonte: https://forwardnotbackward.files.wordpress.com/2012/10/un-report-shows-more-family-planning-would-prevent-millions-of-abortions.jpg)
Fonte:
Living in the environment - G. Tyler Miller, Scott E. Spoolman

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