segunda-feira, 10 de julho de 2017

Como a estrutura etária de uma população afecta o seu crescimento ou declínio

Mesmo que por magia conseguimos atingir amanhã o nível de reposição para a taxa de fertilidade, ou seja, 2.1 filhos por mulher, o população mundial continuaria a crescer pelo menos durante os próximos 50 anos, assumido que não haverá um aumento da taxa de mortalidade. Este crescimento continuado resulta em grande parte da estrutura da população: os números ou percentagens de pessoas do sexo masculino e feminino nos três grupos etários (jovens, adultos e idosos).

Os especialistas em demografia constroem, assim, pirâmides ou diagramas da estrutura etária da população representado o número de pessoas do sexo masculino e feminino em cada uma das faixas etárias: pré-reprodutiva (0-14 anos), reprodutiva (15-44 anos) e pós-reprodutiva (acima dos 45 anos).

Podemos então encontrar basicamente quatro tipo de pirâmides que vão resultar em dinâmicas evolutivas distintas:
  1. Crescimento rápido: países onde a população cresce rapidamente, cerca de 1,5 a 3% ao ano.
  2. Crescimento lento: países onde a população cresce entre 0,3 a 1,4% ao ano.
  3. Estável: países onde a população tem um crescimento zero ou nulo, entre 0 e 0,2% ao ano.
  4. Declínio: países onde a população tem um "crescimento negativo".
4 tipos de pirâmides de estrutura etária - crescimento rápido, crescimento lento, estável e declínio
(Fonte: http://slideplayer.com/slide/6279021/21/images/48/Age+Structure+Diagrams.jpg)

Um país com um grande percentagem da sua população em idade inferior a 15 anos vai experimentar um crescimento rápido a menos que as taxas de mortalidade subam rapidamente. Em virtude deste momentum demográfico, o número de nascimentos irá aumentar nas próximas décadas mesmo que as mulheres tenha apenas apenas um ou dois filhos, devido ao número alargado de mulheres que entram nos anos reprodutivos.

Em 2010 cerca de 27% da população mundial (30% em países menos desenvolvidos e 16% em países mais desenvolvidos) tinha menos de 15 anos. Nos próximos 14 anos, estas 1.8 mil milhões de jovens - cerca de um quarto da população mundial - irão entrar em idade reprodutiva. Estas diferenças dramáticas na estrutura etária da população nos países mais e menos desenvolvidos mostram que a maioria parte do crescimento futuro ocorrerá nos países menos desenvolvidos.


Estruturas etárias das populações dos países mais e menos desenvolvidos em 2010
(Fonte: https://goo.gl/avGVh4)

No entanto, a faixa etária que mais irá crescer será o grupo sénior - as pessoas com mais de 65 anos. A população global de seniores irá triplicar até 2050, quando uma em cada seis pessoas será sénior. Esta evolução deve-se sobretudo ao declínio das taxas de mortalidade e aos avanços da medicina que permitem alargar a nossa esperança de vida. Alguns analistas preocupam-se relativamente à forma como as sociedades irão suportar o grupo de pessoas idosas.

À medida que a estrutura etária da população mundial se altera e a percentagem de pessoas com mais de 60 anos aumenta, mais países vão começar a assistir a um declínio da sua população. O Japão tem a percentagem de idosos mais elevada e a percentagem de jovens mais baixa do Mundo. A sua população em 2010 era de 127 milhões e espera-se que vá diminuir até cerca de 95 milhões por volta de 2050. Nessa altura, aproximadamente 40% da população japonesa terá 65 ou mais anos. Na China, apesar de a população ainda não estar a diminuir, a percentagem de pessoas acima de 60 anos subirá até aos 31% em 2020. Este envelhecimento da população chinesa traduzir-se-à na diminuição da força de trabalho, limitação de fundos para alimentar o crescimento económico e em menos pessoas das gerações mais novas para suportar as pessoas mais idosas.

Pirâmides populacionais do Japão em 1950, 2005 e 2050
(Fonte: https://therationalpessimist.files.wordpress.com/2012/06/japans-population.jpg)

O rápido declínio da população pode levar a graves problemas económicos e sociais. Um país que apresenta uma taxa de fertilidade total abaixo dos 1.5 filhos por casal por um longo período, assistirá a um aumento acentuado da proporção dos idosos. Isto resultará em constrangimentos nos orçamentos governamentais porque estes indivíduos irão consumir uma maior fatia de cuidados médicos, fundos de pensões e outros serviços públicos, que são financiados por um número decrescente de contribuintes. Estes países irão também enfrentar escassez de força de trabalho a menos que confiem na imigração de trabalhadores estrangeiros. Do conjunto de países que em breve entrarão num rápido declínio da população fazem parte o Japão, a Rússia, a Alemanha, a Bulgária, a Hungria, a Ucrânia, a Sérvia, a Grécia, Portugal e a Itália. 

Fonte:
Living in the environment - G. Tyler Miller, Scott E. Spoolman

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