sexta-feira, 28 de abril de 2017

Esperança de vida e migração

A revisão de 2015 das perspectivas da população mundial da Divisão da População das Nações Unidas confirma que se atingiram ganhos significativos na esperança de vida nos recentes anos. A nível global, a esperança de vida aumentou 3 anos de 67 para 70 anos entre 2000-2005 e 2010-2015. Todas as áreas do globo assistiram a um aumento da esperança de vida, no entanto os maiores aumentos aconteceram em África, onde a esperança de vida aumentou 6 anos nos anos 2000 depois de ter aumentado apenas 2 anos na década anterior. A esperança de vida em África em 2010-2015 situou-se nos 60 anos, comparados com os 72 anos na Ásia, 75 anos na América Latina e Caraíbas, 77 anos na Europa e Oceânia e 79 anos na América do Norte.

Esperança de vida entre 1950 e 2010 nas principais regiões do globo
(Fonte: https://healthyplanetpro.files.wordpress.com/2013/02/f-i.png)

A mortalidade de menores de cinco anos é um importante indicador do desenvolvimento e bem-estar das crianças. A nível global, as mortes entres crianças com menos de 5 anos caiu de 71 por 1000 nascimento em 2000-2005 para 50 por 1000 em 2010-2015. Descidas significativas ocorreram na África Sub-sariana (de 142 para 99 por 1000) e nos países menos desenvolvidos (de 125 para 86 por 1000).

Espera que a esperança de vida suba de 70 anos em 2010-2015 para 77 anos em 2045-2050 e para 83 anos em 2095-2100. Prevê-se que África ganhe cerca de 19 anos em esperança de vida até ao final do século, atingindo os 70 anos em 2045-2050 e 78 anos em 2095-2100. Tanto na Ásia como na América Latina e as Caraíbas a esperança de vida deverá aumentar 13 e 14 anos de 2095-2100 enquanto que na Europa, América do Norte e Oceânia esse crescimento rondará os 10-11 anos.

Apesar de a migração internacional ser uma pequena componente das alterações demográficas comparativamente com os nascimentos ou mortes. No entanto, em alguns países e áreas, o impacto da migração no tamanho da população é significante, incluindo os países que enviam ou recebem grandes números de migrantes económicos ou aqueles afectados por fluxos de refugiados.

No geral, entre 1950 e 2015, a Europa, América do Norte e Oceânia foram as áreas com maior saldo entre imigrantes e emigrantes, enquanto que África, Ásia, América Latina e Caraíbas foram as áreas onde o número de emigrantes superou o número de imigrantes. De 2000 a 2014, a migração anual líquida atingiu os 2,8 milhões de pessoas por ano. No futuro, a migração líquida deverá ser o maior contribuidor para o crescimento populacional nos países mais ricos. Entre 2015 e 2050, o número total de nascimentos nesses países deverá ultrapassar os 20 milhões, enquanto que o ganho líquido de migrantes deverá rondar os 91 milhões. Assim, a migração contribuirá em 82% para o crescimento da população nesse grupo de países.

Fluxos migratórios entre países de 2005 a 2010
(Fonte: https://qzprod.files.wordpress.com/2014/03/vid_global_migration_datasheet_web-gimp3_colorcorrected.jpeg?quality=80&strip=all)

Entre 2015 e 2050, os países com um saldo maior entre imigrantes e emigrantes (mais de 100.000 anualmente) deverão ser os Estados Unidos, Canada, Reino Unido, Austrália, Alemanha, Federação Russa e Itália. Por outro lado, os países com cujo saldo é superior mas no sentido contrário serão a Índia, Bangladesh, China, Paquistão e México.

Fonte:
World Population Prospects - Key findings & advance tables, 2015 Revision (https://esa.un.org/Unpd/wpp/Publications/Files/Key_Findings_WPP_2015.pdf)

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Crescimento populacional e fertilidade

No que diz ao respeito, a maioria do aumento global entre o momento actual e 2050 deverá ocorrer tanto em países com alta fertilidade, principalmente em África e em países com muita população. No período entre 2015 e 2050, espera-se que metade do crescimento da população mundial se centre em 9 países: Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Estados Unidos da América, Indonésia e Uganda.

As novas projecções mostram também que, por exemplo, dentro de sete anos, a população da Índia irá ultrapassar a população da China. Actualmente, a população da China é de aproximadamente 1,38 mil milhões enquanto que a população da Índia se situa nos 1,31 mil milhões. Por volta de 2022, ambos os países deverão chegar aos 1,4 mil milhões. A partir de 2022, a população indiana deverá continuar a crescer durante várias décadas atingindo os 1,5 mil milhões em 2030 e os 1,7 mil milhões em 2050, enquanto que a população chinesa deverá manter-se constante até à década de 30, depois da qual se espera que venha a decrescer.

Entre os maiores países do Mundo, um situa-se em África (Nigéria), cinco situam-se na Ásia (Bangladesh, China, Índia, Indonésia e Paquistão), dois situam-se na América Latina (Brazil e México), um na América do Norte (Estados Unidos da América) e um na Europa (Federação Russa). Dentro destes, a população da Nigéria, a sétima mais elevada no Mundo, está a crescer rapidamente. Em 2050, tornar-se-à o terceiro maior país em termos de população. Nesse período, seis dos dez maiores países do Mundo deverão ultrapassar os 300 milhões: China, Índia, Indonésia, Nigéria, Paquistão e Estados Unidos da América.

Crescimento populacional na China e na Índia
(Fonte: http://weakonomics.com/wp-content/uploads/2012/06/china-and-india-population-growth.png)

Os níveis de população projectados são um resultado da diminuição substancial da fertilidade projectada. De acordo com a variante média, a fertilidade global deverá cair de 2,5 filhos por mulher entre 2010 e 2015 para 2,4 filhos entre 2025 e 2030 e 2,0 entre 2095 e 2100. Em países menos desenvolvidos estão previstas reduções abruptas da fertilidade de 4,3 entre 2010 e 2015 para 3,5 entre 2025-2030 e para 2,1 entre 2095 e 2100.

De modo a se atingirem reduções substanciais na fertilidade que são previstas, é essencial que os países invistam em saúde reprodutiva e planeamento familiar, particularmente em países menos desenvolvidos, para que mulheres e casais possam atingir a dimensão desejada do seu agregado familiar. Em 2015, acerca de 34% das mulheres, em idade reprodutiva casadas ou em união, usavam métodos contraceptivos em países menos desenvolvidos.

Fertilidade a nível mundial entre 1950 e 2100
(Fonte: https://ourworldindata.org/wp-content/uploads/2014/02/ourworldindata_world-population-by-level-of-fertility.png)

Nas últimas décadas muitos países têm assistido a significantes diminuições do tamanho familiar médio. Actualmente, os países podem ser classificados em 3 grupos em função do seu nível de fertilidade. Estima-se que 46% da população mundial vive em países com baixos níveis de fertilidade onde as mulheres têm menos de 2,1 filhos ao longo da sua vida. Este conjunto de países inclui toda a Europa e América do Norte, 20 países na Ásia, 17 na América Latina e Caraíbas, 3 na Oceânia e 1 em África. Os maiores países com baixa fertilidade são a China, Estados Unidos, Brasil, Federação Russa, Japão e Vietname.

46% da população mundial live em países com "fertilidade média" onde se assiste já a um declínio da fertilidade e onde as mulheres têm em média entre 2,1 e 5 filhos. Estes países encontram-se em muitas regiões, sendo os maiores países são a Índia, Indonésia, Paquistão, Bangladesh, México e Filipinas.

Os remanescentes 9% da população mundial vive em países com "fertilidade elevada". Nestes países as mulheres têm 5 ou mais filhos durante o seu período de vida. Dos 21 países com fertilidade elevada, 19 estão em África e 2 na Ásia. Os maiores países são a Nigéria, República Democrática do Congo, Tanzânia, Uganda e Afeganistão.

Mapa da fertilidade mundial
(Fonte: http://www.targetmap.com/ThumbnailsReports/7704_THUMB_IPAD.jpg)
Fonte:
World Population Prospects - Key findings & advance tables, 2015 Revision (https://esa.un.org/Unpd/wpp/Publications/Files/Key_Findings_WPP_2015.pdf)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

População: África e Europa em pólos distintos

Mais de metade do crescimento da população mundial até ao ano de 2050 espera-se que ocorra em África. O continente africano tem a maior alta taxa de crescimento populacional de todo o globo, crescendo a uma taxa anual de 2,55% entre 2010 e 2015. Consequentemente, das 2,4 mil milhões de pessoas que serão adicionadas ao planeta entre 2015 e 2050, 1,3 mil milhões de pessoas  nascerão em África. Projecta-se que continente asiático será o segundo a contribuir para o futuro crescimento populacional, adicionando mais 0,9 mil milhões de pessoas entre 2015 e 2050, que será seguido da América do Norte, América Latina e Caraíbas e Oceânia. Segundo a projecção média, a população europeia deverá ser inferior em 2050 relativamente a 2015.

Taxa anual média de alteração da população por continentes entre 2000-2050
(Fonte: World Population Prospects - Key findings & advance tables, 2015 Revision)

O rápido crescimento populacional em África ocorrerá mesmo que haja uma redução substancial dos níveis de fertilidade num futuro próximo. De acordo com a projecção média, a fertilidade irá diminuir de 4,7 filhos (2010-2015) para 3,1 (2045-2050), atingindo os 2,2 no período entre 2095 e 2100. Como resultado, a percentagem da global que pertence ao continente Africano irá crescer de 25% em 2050 para 39% em 2100, enquanto que a percentagem que reside em Ásia descerá de 54% em 2050 para 44% em 2100.


Taxas de fertilidade em África em 2013
(Fonte: http://www.humanosphere.org/wp-content/uploads/2014/03/20140308_mam905_595_0.png)

O crescimento populacional continua especialmente alto no grupo de 48 países designados pelas Nações Unidas como os países menos desenvolvidos, dos quais 27 são países africanos. Apesar de se prever uma diminuição da taxa de crescimento populacional deste grupo de países, a sua população espera-se que cresça de 954 milhões (em 2015) para 1,9 mil milhões (em 2050) e para 3,2 mil milhões (em 2100). Entre 2015 e 2100, a população de 33 países, a maioria países menos desenvolvidos, poderão, no mínimo, triplicar. Entre esses países, as populações de Angola, Burundi, República Democrática do Congo, Malawi, Mali, Niger, Somália, Uganda, Tanzânia e Zâmbia podem quintuplicar até 2100.

A concentração de crescimento populacional nos países mais pobres irá dificultar a tarefa dos seus governos de erradicar a pobreza e as desigualdades, combater a fome e mal-nutrição, expandir os sistemas de educação e de saúde, melhorar o fornecimento de serviços básicos e implementar outros elementos da agenda de desenvolvimento sustentável.

Em claro contraste, espera-se que as populações de 48 países ou áreas diminua entre 2015 e 2050. Em diversos países espera-se que a população possa diminuir em mais de 15%, onde se inclui a Bósnia Herzegovina, Bulgária, Croácia, Hungria, Japão, Letónia, Lituânia, Moldávia, Roménia, Sérvia e Ucrânia. A fertilidade em todos os países europeus está abaixo do nível de substituição a longo prazo (cerca 2,1 filhos por mulher, em média) e na maioria dos casos, esta situação já acontece há várias décadas. Projecta-se que a fertilidade na Europa possa aumentar de 1,6 filhos por mulher entre 2010-2015 para 1,8 entre 2045 e 2050, mas esse aumento não será suficiente para impedir a provável diminuição do tamanho da população total.

Taxas de fertilidade totais pela Europa em 2011
(Fonte: https://libraryeuroparl.files.wordpress.com/2013/05/fertility2.png)

Fonte:
World Population Prospects - Key findings & advance tables, 2015 Revision (https://esa.un.org/Unpd/wpp/Publications/Files/Key_Findings_WPP_2015.pdf)

terça-feira, 4 de abril de 2017

O retrato e o futuro da População Mundial

De acordo com a Revisão de 2015 elaborada pela Divisão da População do Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas, a população mundial atingiu os 7,3 mil milhões em 2015, o que significa que foram adicionados aproximadamente mil milhões de anos nos últimos 12 anos.

60% da população global vive na Ásia (4,4 mil milhões), 16% na África (1,2 mil milhões), 10% na Europa (738 milhões), 9% na América Latina e nas Caraíbas (634 milhões) e os restantes 5% na América do Norte (358 milhões) e Oceânia (39 milhões).  A China (1,4 mil milhões) e a Índia (1,3 mil milhões) continuam como os países com mais população, representando 19% e 18% da população mundial, respectivamente.


População mundial por áreas nos anos 2015, 2030, 2050 e 2010, de acordo com a projecção média
(Fonte: World Population Prospects - Key findings & advance tables, 2015 Revision)

Em 2015, 50,4% da população mundial é masculina e 49,6% é feminina. A mediana da idade da população global, que se traduz, na idade em que metade da população é mais velha e a outra metade é mais jovem, é de 29,6 anos. Cerca de um quarto (26%) da população tem menos de 15 anos, 62% situam-se na faixa etária 15-69 anos e 12 % têm mais de 60 anos.

Distribuição da População Mundial por idade e sexo em 2015
(Fonte: World Population Prospects - Key findings & advance tables, 2015 Revision)

Actualmente, a população mundial continua a crescer mas a um ritmo mais baixo do que no passado. Há 10 anos atrás, a população mundial estava a crescer a 1,24% ao ano. Hoje, assistimos a um crescimento de 1,18% por ano, ou seja, aproximadamente 83 milhões de pessoas são adicionadas anualmente. Projecta-se que a população mundial cresça em mais de mil milhões de pessoas dentro dos próximos 15 anos, atingindo os 8,5 mil milhões em 2030, 9,7 mil milhões em 2050 e 11,2 mil milhões em 2100.

Estimativas da População Mundial entre 2015 e 2100
(Fonte: World Population Prospects - Key findings & advance tables, 2015 Revision)

A projecção média pressupõe um declínio da fertilidade para os países onde as grandes famílias ainda prevalecem bem como um ligeiro aumento da fertilidade em vários países com menos do que dois filhos por mulher em média. Projecta-se também as possibilidades de sobrevivência aumentem em todos os países. Apesar de algum grau de incerteza, pode-se afirmar com 95% de grau de confiança que a população global estará entre os 8,4 e os 8,6 mil milhões em 2030 e entre os 9,5 mil e os 13,3 mil milhões em 2100. Espera-se que a população continue a crescer até ao final do século, mas existe cerca de 23% de hipótese que possa estabilizar ou mesmo entrar em declínio até 2100.

Fonte:
World Population Prospects - Key findings & advance tables, 2015 Revision (https://esa.un.org/Unpd/wpp/Publications/Files/Key_Findings_WPP_2015.pdf)

segunda-feira, 3 de abril de 2017

População e a transição demográfica

O crescimento da população é, indubitavelmente, uma das principais causas subjacentes à maioria dos problemas ambientais que hoje enfrentamos. 

A população mundial continua a aumentar em cerca de 80 milhões de pessoas por ano, com a maior parte do crescimento a decorrer nos países menos desenvolvidos. Até 2050, de acordo com as projecções médias das Nações Unidas, a população mundial irá aumentar até 9,6 mil milhões de pessoas e irá continuar a crescer depois de 2100.

Fonte: https://www.allianz.com/v_1428562729000/en/about_us/open-knowledge/img/too_many_people_z_52580.jpg

O conceito de transição demográfica é um dos conceitos chave é fundamental para ajudar a compreender as dinâmicas de crescimento das populações.

Durante os últimos 200 anos, os países tiveram padrões similares de mudança de altas taxas de mortalidade para baixas taxas de mortalidade, levando os demógrafos a desenvolver um modelo denominado de transição demográfica. Esta teoria diz que a maioria dos países caracterizavam-se por altas taxas de natalidade e mortalidade e baixo crescimento populacional, numa fase inicial (Fase 1). Durante o período de transição (Fase 2) - um decréscimo na mortalidade precede e é mais acelerado do que o decréscimo na fertilidade, que resulta num crescimento populacional devido à diferença entre nascimentos e mortes. Na Fase 3, as taxas de natalidade descem até que na Fase 4 as mesmas atingem o mesmo nível das taxas de mortalidade e o crescimento populacional desacelera.

Embora a maioria dos países seguiram este padrão de evolução demográfica, o timing da transição e o ritmo do declínio da mortalidade e da fertilidade tem variado bastante nos diversos países, resultando em taxas de crescimento populacional diferentes. Na Europa e na América do Norte, esta transição ocorreu durante vários séculos. As taxas de mortalidade e de natalidade decresceram face à melhoria das condições de vida e de saúde, aumento da idade no casamento, disponibilidade de planeamento familiar, diminuição do tamanho da família e ao aumento do nível de educação e de emprego das mulheres.

Em muitos países em desenvolvimento, a transição demográfica começou em meados do século 20 e as mudanças ocorreram num período de poucas décadas. Actualmente, muitos países em desenvolvimento na Ásia e América Latina apresentam baixas taxas de mortalidade e fertilidade e os seus crescimentos populacionais estão a abrandar. Paralelamente, os países menos desenvolvidos estão ainda na fase inicial ou intermediária da transição com as taxas de natalidade e mortalidade a diminuir, mas relativamente elevadas quando comparadas com o resto do Mundo.

Modelo da transição demográfica
(Fonte: http://www.prb.org/pdf14/guide-population-development.pdf)
Actualmente os demógrafos estão a discutir uma quinta fase que ocorre quando um baixo crescimento populacional de um país se transforma num decréscimo da população. Isto ocorre quando as taxas de natalidade caem para níveis em que as taxas de fertilidade estão abaixo do nível de reposição, o que significa que em termos médios uma mulher tem menos do que 2 filhos durante a sua vida.

Modelo da transição demográfica com 5 fases (Fonte: http://francedemographics.weebly.com/uploads/5/8/7/9/5879699/398332822.jpg?876)

Mapa da transição demográfica em função da fase em que os países se encontram
(Fonte: http://www.prb.org/pdf14/guide-population-development.pdf)

Será fundamental que os líderes entendam em que fase se encontram os seus países, como podem promover o progresso para a diminuição das taxas de natalidade e mortalidade e finalmente como planear para um crescimento desacelerado, um declínio da população e uma eventual estabilização.

Fonte:
A Practical Guide to Population and Development, Population Reference Bureau (http://www.prb.org/pdf14/guide-population-development.pdf)