segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Como o sistema alimentar ameaça o ambiente

O problema com o abastecimento de alimentos torna-se ainda mais complicado pelo facto de, para além de estar ameaçado pelas alterações ambientais, os sistemas agrícolas são a principal fonte de alterações ambientais provocadas pelo homem! Por outras palavras, eles próprios são a fonte da ameaça à produção de alimentos no futuro.

O nosso problema não está só em como alimentar mais pessoas e como alimentar uma população crescente de uma forma mais nutritiva. Não só em como vamos manter a produtividade agrícola em face dos problemas ambientais. Mas também o desafio de alterar as práticas correntes de forma a diminuir o impacto ambiental.

Quais são os impactos gerados pela agricultura?

O sector agrícola (incluindo os efeitos da desflorestação para terreno agrícola e pastagens) é o maior emissor dos principais gases com efeito de estufa (GEE): dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. Por outro lado, os agricultores introduzem azoto no solo na forma de fertilizantes químicos e adubos verdes. O azoto é um macro-nutriente fundamental para as culturas. No entanto, o uso excessivo de fertilizantes com azoto provoca danos no ecossistema pela alteração da intensidade dos fluxos no ambiente. O terceiro maior impacto é a destruição de habitats. O que não é inteiramente surpreendente dado que cerca de 40% da área total da Terra é terreno agrícola.

Existem outras formas de como o ambiente é danificado pela agricultura. Estas incluem os pesticidas, herbicidas e outros químicos usados na produção que são uma das principais ameaças à biodiversidade. O uso excessivo de água potável para irrigação é outro problema. Cerca de 70% da água potável usada pelos humanos destina-se à agricultura, com cerca de 10% destinado a uso doméstico e os restantes 20% a serem usados na indústria.

Uso de pesticidas entre 2005 e 2009
(Fonte: https://www.washingtonpost.com/blogs/wonkblog/files/2013/08/pesticide-use-farms.png)

O gráfico abaixo mostra a quantidade de GEE emitida de acordo com o sector da economia.

Emissões de gases com efeito de estufa por sector da economia em 2010
(Fonte: http://climatica.org.uk/wp-content/uploads/2014/04/IPCC_WG3_SPM_Figure_2.png)
A produção de electricidade e calor, através do uso de carvão, petróleo e gás, é responsável por 25% das emissões de dióxido de carbono. O sector do transporte é responsável por 14% das emissões totais. Os processos industriais como a produção de ferro e petroquímica, contribuem com cerca de 21%. O sector da agricultura, floresta e outro uso da terra é responsável por 24% das emissões que incluem dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e poluentes químicos. Se excluirmos o sector da energia, o sector relacionado com a agricultura - AFOLU - é o que tem mais peso para a emissão de GEE.

O outro impacto principal da agricultura acontecem nas florestas. A perda de floresta está a acontecer em todas as grandes florestas tropicais: na bacia do Amazonas, na bacia do Congo e no arquipélago da Indonésia. Na Amazónia, a floresta está a ser substituída por pastagens, terrenos agrícolas e infra-estruturas. No sudeste asiático, a procura de madeiras maciças por parte de economias emergentes como a China e a plantação de outras espécies arbóreas são as responsáveis por grande parte do abate da floresta. Em África, não existe um abate massivo mas a procura de madeira nas margens das florestas por parte dos pequenos agricultores para a produção de carvão está a contribuir para a desflorestação e perda de habitat.

Fonte:
The Age of Sustainable Development - Jeffrey D. Sachs

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