quarta-feira, 5 de junho de 2019

Relatório das Áreas Protegidas 2018: cobertura global

As áreas protegidas têm sido uma importante ferramenta para a conservação da biodiversidade, evitando que a sua perda tivesse sido ainda maior. Estas são reconhecidas por diferentes processos de políticas internacionais com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a Convenção para a Diversidade Biológica (CBD) e a Convenção Ramsar.

No seu plano estratégico para o período 2010-2020, a CBD estabeleceu a seguinte meta: "Até 2020, pelo menos 17% das áreas terrestres e de águas interiores e 10% das áreas marinhas e costeiras, especialmente as áreas de particular importância para a biodiversidade e serviços dos ecossistemas, são conservadas através de uma gestão efectiva e equitativa e ecologicamente representativas e estão bem ligadas a sistemas de áreas protegidas e outras medidas de conservação efectivas e integradas em paisagens terrestres e marítimas mais amplas."

Em Julho de 2018, existiam 238.563 áreas protegidas na base de dados da World Database on Protected Areas (WDPA). A maioria dessas áreas são em terra, cobrindo o equivalente a mais de 20 milhões de quilómetros quadrados, cerca de 15% da superfície terrestre. Por outro lado, as áreas marinhas protegidas são em menor número, cobrindo mais de 6 milhões quilómetros quadrados, o que representa 7,3% dos oceanos.

Cobertura das áreas protegidas em terra e no mar.

Numa análise temporal, a cobertura das áreas marinhas protegidas aumentou rapidamente desde 2016 enquanto que o crescimento tem diminuído. Apesar disso, países como a Austrália, México, Colômbia e Brasil expandiram a sua rede de áreas protegidas de forma substancial.

Evolução passada e prevista da área das áreas protegidas em terra e no mar.

O aumento da cobertura reflecte-se não só em novas designações, mas na melhoria da qualidade do reporting por parte dos países e territórios. A maioria das áreas protegidas declaradas pelos governos são reportadas à WDPA e as áreas detidas e geridas pelas comunidades local e organizações privadas a ser cada vez mais reconhecidas e a ser objecto de report.

Percentagem da cobertura de áreas protegidas por país ou território.

Fonte:
Relatório Protected Planet 2018

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Mais de 1.000.000 de espécies em perigo segundo o IPBES

Antes da publicação do relatório de avaliação global sobre a Biodiversidade e os Serviços dos Ecossistemas, o IPBES (Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services) apresentou as suas principais conclusões à comunicação social no passado dia 6 de Maio. 

Este novo relatório pretende ser o mais completo até à data e é o primeiro relatório intergovernamental deste género e vem no seguimento da avaliação dos Ecossistemas do Milénio apresentado em 2005.

O relatório do IPBES analisa as alterações nos ecossistemas que aconteceram nos últimos 50 anos e sugere possíveis cenários para as próximas décadas. Para este trabalho contribuíram 145 autores especialistas de 50 países e ainda mais 310 autores participantes.



No que diz respeito às principais conclusões, o número que mais impressiona pela sua grandeza é o número 1.000.000 - que representa a quantidade de espécies de animais e plantas que estão ameaçadas pela extinção, numa escala nunca vista na história humana.

A abundância média de espécies nativas diminui pelo menos 20% na maioria dos habitats terrestres, desde 1900. Mais de 40% dos anfíbios, quase 33% dos corais e mais de um terço dos mamíferos marinhos estão ameaçados.



O relatório também ordena pela primeira vez os cinco principais factores para as mudanças no mundo natural. Estes são 1) alteração no uso do solo e mar, 2) exploração directa de organismos, 3) alterações climáticas, 4) poluição e 5) espécies exóticas invasoras.

Outro aspecto diz respeito com o insucesso das políticas para a conservação e para a sustentabilidade. A manter-se as trajectórias actuais, apenas 4 das 20 das metas de biodiversidade de Aichi não serão atingidas até 2020 e cerca de 80% dos objectivos dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável relacionados com a pobreza, fome, saúde, água, cidades, clima, oceanos e terra serão afectados. Portanto a perda de biodiversidade é não só apenas um problema ambiental, mas também um problema de desenvolvimento, económico, segurança, social e moral e serão necessárias transformações significativas a nível económico, social, político e tecnológico para reverter a situação.

Fonte:

domingo, 24 de março de 2019

Relatório Mundial da Felicidade 2019



No passado dia 20 de Março foi apresentada a sétima edição do Relatório Mundial. Entre outros dados são apresentados os resultados para cada país atendendo ao período 2016 a 2019. À semelhança dos anteriores relatórios foram consideradas seis variáveis para os resultados - PIB per capita, suporte social, esperança de vida saudável, liberdade, generosidade e ausência de corrupção. Embora estas sejam usadas apenas para explicar a variação da felicidade entre os países, uma vez que os resultados são baseados na avaliação de cada indíviduo faz da sua vida de acordo com a "Escada de Cantril".



Assim, na classificação, a Finlândia mantém a 1ª classificação, seguida da Dinamarca, Noruega, Islândia, Holanda, Suiça, Suécia, Nova Zelândia, Canadá e Áustria, que fecha o Top 10. No extremo oposto, encontramos o Haiti, Botswana, Síria, Malawi, Iémen, Ruanda, Tanzânia, Afeganistão, República Centro Africana e por último Sudão do Sul. Facilmente se constata que o fosso continua a ser bastante grande entre os melhores e os piores classificados.



Neste relatório também é apresentada a evolução dos países entre os períodos 2005-2008 e 2016-2018. No top 10 dos países que mais evoluíram temos o Benin, Nicarágua, Bulgária, Letónia, Togo, República do Congo, Serra Leoa, Eslováquia, Equador e Uzbequistão. A Venezuela encabeça o grupo de 10 países que mais desceram nesta avaliação, a que se seguem Síria, Botswana, Índia, Iémen, República Centro Africana, Grécia, Tanzânia, Malawi e Ruanda.



Fonte:

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Índice de Percepção da Corrupção de 2018

O Índice de Percepção da Corrupção de 2018, publicado pela Transparency International, mediu os níveis percebidos da corrupção no sector público em 180 países e territórios. Este índice varia entre 0 (máxima corrupção) e 100 (sem corrupção) e baseia-se em inquéritos a gestores e especialistas.

Os resultados mostram que mais de dois terços dos países obtiveram menos de 50 pontos (média de 43) e que a grande maioria dos países avaliados fez pouco ou nenhum progresso.

No topo do índice encontramos países como a Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Singapura, Suécia e Suiça. Do lado contrário, encontramos a Coreia do Norte, Iémen, Sudão do Sul, Síria e Somália.

Países com melhor e pior resultado.


Em termos regionais, a Europa Ocidental e a União Europeia têm o resultado mais elevado (66) enquanto que a África Subsariana está no outro extremo (32).

Resultados por região.


No últimos 7 anos, 20 países melhoraram o seu resultado entre os quais a Argentina, a Costa do Marfim e a Guiana e 16 países pioraram dos quais fazem parte a Hungria, México e Malta.

Uma das conclusões principais é a relação clara entre uma democracia saudável e um eficaz combate à corrupção. Nos regimes não democráticos e de carácter populista, a corrupção tem tendência a prosperar, tirando partido da captura das instituições democráticas por parte dos políticos.

Relação entre o Índice de Percepção da Corrupção e o Índice de Democracia.

Fonte:

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Índice Living Planet - Ecossistemas de água doce

Os ecossistemas de água doce fornecem habitat para cerca de 126.000 espécies de peixes, moluscos, répteis, insectos, plantas e mamíferos, isto apesar de cobrir menos de 1% da superfície terrestre.

Estes ecossistemas são também os mais ameaçados, sendo afectados pela modificação, fragmentação e destruição de habitat, espécies invasoras, sobrepesca, poluição, práticas florestais, doenças e alterações climáticas.

O conjunto das populações estudadas pelo índice (3.358), que representam 880 espécies de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes, mostra um declínio de 83% desde o ano de 1970, o que se traduz num decréscimo de 4% por ano. Os declínios mais acentuados registam-se nas regiões tropicais da América Central e do Sul, de África e do Sudeste Asiático.

Índice Living Planet para os ecossistemas de água doce desde 1970 até 2014.

Fonte:
Living Planet Report 2018

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Índice Living Planet - actualização de 2018

Publicado há duas décadas, o Índice Living Planet global tem revelado o estado da biodiversidade no planeta, através da divulgação da taxa média de alteração de um conjunto de populações de diversas espécies.

A informação relativa às ameaças apenas está disponível para apenas cerca de um quarto de todos os registos da espécies neste índice. Estas ameaças estão agrupadas em 5 grandes categorias: perda e degradação de habitat, sobreexploração, espécies invasoras e doenças, poluição e alterações climáticas.

Frequência relativa das principais ameaças por grupo taxonómico.

A ameaça mais referida a nível global é a degradação e perda de habitat, que representa cerca de metade de todas as ameaças dentro de cada grupo taxonómico excepto os peixes. A segunda ameaça mais referida é a sobreexploração, que afecta maioritamente as populações de peixes. Juntas a degradação e a perda de habitat e a sobreexploração contabilizam pelos dois terlos de todas as ameaças registadas para as populações em cada grupo taxonómico.

As espécies invasoras e as doenças são mais frequentes para os répteis e anfíbios e mamíferos. A poluição afecta principalmente as aves e os anfíbios e répteis.

A influência das alterações climáticas nas populações selvagens ainda é relativamente moderada, afectando nomeadamente as populações de aves e peixes. No entanto, estas terão um papel relevante no que será o futuro da biodiversidade.

O índice global, calculado a partir da informação disponível para todas as espécies e regiões, mostra um declínio de 60% no tamanho das populações de vertebrados entre 1970 e 2014, ou seja, uma quebra acima do 50% em menos de 50 anos.

Índice Living Planet global entre 1970 e 2014.

A nível regional, apesar do declínio ser transversal a todas as regiões do globo, os trópicos são os que mais têm sofrido, particularmente as Américas Central e do Sul e as Caraíbas.

Índice Living Planet para a região Neotropical.

No que respeita ao Índice Living Planet para os ecossistemas de água doce, este mostra um declínio de 83% face a 1970, o que signfica uma perda de 4% ao ano. As populações mais vulneráveis são as de répteis e anfíbios e de peixes.

Índice Living Planet para os ecossistemas de água doce entre 1970 e 2014.

Fonte:
Living Planet Report 2018

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Pegada Ecológica Mundial - últimos dados de 2014

Antes do crescimento exponencial da população no século XX, o consumo da humanidade era muito menor do que a capacidade regenerativa do Planeta. No entanto, desde os meados da década de 70 que as necessidades da humanidade têm excedido aquilo que a Terra pode renovar.

Utilizando os conceitos de Pegada Ecológica e de Biocapacidade em hectares globais (gha) podemos avaliar de que forma a humanidade tem usado os recursos do planeta e como essa relação se tem alterado com o tempo.

Nos últimos 50 anos a biocapacidade aumentou cerca de 27% graças a alterações na tecnologia e nas práticas do uso do solo. O que não foi suficiente para contrabalançar o aumento de 190% da pegada ecológica durante o mesmo período.

Pegada ecológica mundial relacionada com o consumo por tipo de área entre 1961 e 2014 (em hectares globais).


A pegada ecológica calcula a quantidade de área biologicamente produtiva necessária para satisfazer as diferentes necessidades em termos de alimento, fibra, madeira, construção de estradas e edifícios e o sequestro de dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis.

Tipos de pegada ecológica de acordo com o tipo de necessidade.

Segundo os últimos dados disponíveis referentes a 2014, os países com maior pegada ecológica (acima dos 7 gha) são o Canadá, os Estados Unidos, a Dinamarca, o Luxemburgo, o Kuwait, o Bahrain, os Emirados Árabes Unidos e a Mongólia.

Mapa mundial da Pegada Ecológica relacionada com o consumo, 2014.

Fonte:
Living Planet Report 2018