Os modelos prevêem que as alterações climáticas serão mais severas nas regiões polares. O derretimento da neve e do gelo polar, irá expor áreas terrestres e marinhas mais escuras, que reflectem menos luz e por isso absorvem mais energia solar. Esse fenómeno tem aquecido a atmosfera nos pólos mais e em maior ritmo do que a atmosfera em latitudes baixas. E como resultado, espera-se mais derretimento de neve e gelo, o que causará ainda aquecimento atmosférico adicional da atmosfera acima dos pólos, característico de uma situação de
feedback positivo.
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Efeito Gelo-Albedo - feedback positivo |
De acordo com o relatório do IPCC de 2014, as temperaturas do ar no Árctico aumentaram duas vezes mais do que as temperaturas médias no resto do globo nos últimos 50 anos e são as mais elevadas nos últimos 44.000 anos. Adicionalmente, a fuligem oriunda das indústrias das América do Norte, Europa e Ásia está a escurecer o gelo Árctico e consequentemente a diminuir a capacidade de reflectir a luz solar.
Devido a estes factores, o gelo marinho de verão no Árctico está a desaparecer mais depressa do que os cientistas pensavam. As medições indicam que esta aceleração do derretimento está a acontecer devido ao aquecimento da atmosfera acima do gelo e pelo aquecimento da água que está abaixo. As tendências a longo prazo antevêem um aquecimento do Árctico, uma diminuição da extensão de gelo no verão e uma diminuição da espessura do gelo.
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Extensão média mensal de gelo marinho no Árctico em Setembro (1979-2010).
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Volume de gelo marinho no Árctico (1980-2018). |
Um dos pontos sem retorno (tipping point) que preocupa os cientistas é o completo derretimento do gelo do Árctico no verão. Se a actual tendência continuar, o gelo de verão poderá desaparecer por volta de 2050. Isto poderia levar a consequências dramáticas e de longo prazo para o tempo e o clima que podem afectar todo o Planeta.
Outro efeito do aquecimento do Árctico é a aceleração do derretimento do gelo terrestre como acontece na Antárctica e na Gronelândia. Estima que em cada segundo cerca de 7 toneladas de gelo terrestre da Gronelândia derrete e vai parar aos mar e assim contribuindo para o aumento do nível das águas do mar.
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Variação de gelo continental na Antárctica e Gronelândia desde 2002. |
Os glaciares de montanha são um outro caso de "armazéns" de gelo. Durante os últimos 25 anos, muitos glaciares têm diminuído em extensão (quando o derretimento no verão excede a queda de neve no inverno) ou inclusivamente têm desaparecido. Os glaciares de montanha desempenham um papel vital no ciclo da água ao armazenarem água em forma de gelo durante as estações frias e ao libertarem-na para nascentes durante as estações quentes.
Um dos principais exemplos são os glaciares dos Himalaias. São eles a maior fonte de água de grandes rios como o Ganges, o Yantze e o Rio Amarelo e abastecem cerca de 400 milhões de pessoas na Índia e no Bangladesh e cerca de 500 milhões na China. Nos Andes, a situação não é diferente - cerca de 80% dos glaciares de montanha estão a diminuir lentamente e se a situação continuar 53 milhões de pessoas na Bolívia, Peru e Equador que dependem do abastecimento de água para irrigação e geração de energia podem vir a sofrer.
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Massa acumulativa dos glaciares e número de glaciares medidos. |
Fontes:
Living in the environment (G. Tyler Miller & Scott E. Spoolman)
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