segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Índice Living Planet marinho

Os oceanos e os mares cobrem cerca de 70% da superfície terrestre. Eles desempenham um papel crítico na regulação do clima na Terra e nos proporcionam uma riqueza de benefícios como alimento, subsistência e usos culturais. Manter a saúde do ambiente marinho, incluindo a sua biodiversidade, é vital para a sobrevivência da humanidade.

O índice Living Planet para os ambientes marinhos mostra um declínio global de 36% entre 1970 e 2012 com uma média de 1% por ano. Este índice é baseado em informação relativa a 6.170 populações monitorizadas de 1.353 espécies marinhas (aves, mamíferos, répteis e peixes). A maior parte do declínio aconteceu em 1970 e a última parte da década de 80. Isto reflecte a tendência da actividade pesqueira a nível global, que estabilizou a partir de 1988, quando o conceito de rendimento máximo sustentável foi introduzido para controlar a extensão da exploração dos recursos pesqueiros.

Índice Living Planet marinho entre 1970 e 2012
(Fonte: Relatório Living Planet 2016)

Apesar de o índice marinho global estar estável desde 1988 e de algumas pescarias estarem a mostrar sinais de recuperação devido a medidas fortes de gestão, a maioria dos recursos pesqueiros que contribuem mais para a captura global de peixe estão agora totalmente exploradas ou sobre-exploradas.

A informação disponível mostra que a ameaça mais comum para as espécies marinhas é a sobre-exploração, seguida da degradação e perda de habitats marinhos. Estudos recentes apontam para que 31% dos recursos pesqueiros estejam sobre-explorados. Sem uma gestão efectiva, os níveis insustentáveis de captura irão levar à extinção a nível comercial.

Para as aves, mamíferos e répteis marinhos, a sobre-exploração refere-se na sua maioria a mortes acidentais, pesca acessória e exploração comercial. As alterações no habitat são a segunda ameaça mais comum associada com o declínio das populações marinhas.

Diferenças taxonómicas na frequência das ameaças para as populações presentes no Índice Living Planet
(Fonte: Relatório Living Planet 2016)
Fonte:
Relatório Living Planet 2016
(https://www.worldwildlife.org/pages/living-planet-report-2016)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Índice Living Planet - Habitats de água doce

A água doce apenas perfaz 0,01% de toda a água existente na superfície terrestre mas proporciona habitat a quase 10% das espécies que são hoje conhecidas. Dado que os humanos e quase todos os seres vivos necessitam de água, estes habitats têm um valor económico, cultural, estético, de recreação e educacional elevados.

Os habitats de água doce são difíceis de conservar dado que são fortemente afectados pela modificação das bacias de água bem como pelos impactos directos de barragens, poluição, invasão de espécies aquáticas e extracções de água de forma insustentável. Adicionalmente, eles cruzam fronteiras administrativas e políticas, o que requer um esforço extra para encontrar formas colaborativas de protecção.

Vários estudos têm mostrado que as espécies que vivem em habitats de água doce estão a sofrer mais do que as espécies terrestres. O índice Living Planet para estes habitats substancia essa conclusão, mostrando que em média a abundância de populações monitorizadas em sistemas de água doce decresceu no geral em cerca de 81% entre 1970 e 2012, com uma média anual de 3,9% de decréscimo. Estes números são baseados em dados de 3.324 populações monitorizadas de 881 espécies de água doce.

Índice Living Planet para habitats de água doce entre 1970 e 2012
(Fonte: Relatório Living Planet 2016)

O índice contém informação relativa às ameaças para 449 populações, cerca de 31% das populações monitorizadas. Com base nessa informação, a ameaça mais comum para o declínio das populações é a degradação e perda de habitat. A perda de habitat pode ocorrer de forma directa quando os humanos procedem à escavação de areia dos rios ou quando interrompem o fluxo dos rios. No entanto a degradação e perda de habitat pode ocorrer através de efeitos indirectos como é o caso da desflorestação que pode aumentar a quantidade de sedimento que chega aos rios, levando a uma maior erosão das suas margens com mudanças na qualidade de água e do seu fluxo. A sobre-exploração directa - através de pesca insustentável, apanha para subsistência ou para com objectivos comerciais - é a segunda ameaça mais frequente para as populações de água doce (24%), seguida das espécies invasoras e doenças (12%), poluição (12%) e alterações climáticas.

A frequência com que as diferentes ameaças são mencionadas na base de dados varia de acordo com o grupo taxonómico. No que concerne aos anfíbios, as espécies invasoras e as doenças representam a segunda ameaça mais frequente depois da perda de habitat. Já as populações de aves, mamíferos, peixes e répteis, a perda de habitat é a ameaça mais frequente, seguida da sobre-exploração.

Frequência do tipo de ameaças para os diferentes grupos taxonómicos para as populações de água doce
(Fonte: Relatório Living Planet 2016)

Zonas húmidas

As zonas húmidas são encontradas em todo o Mundo desde os trópicos até às planícies geladas da Sibéria. Tanto as zonas húmidas interiores como as costeiras estão agora em declínio. Um estudo global recente mostra que cerca de 87% das zonas húmidas têm vindo a desaparecer durante os últimos 300 anos. A perda destes habitats deve-se maioritariamente à conversão para uso agrícola.

A redução da área das zonas húmidas afecta directamente as espécies delas dependentes uma vez que vão ter uma disponibilidade reduzida de habitat e vão enfrentar maior competição por recursos e alimento. Dentro do índice Living Planet, as espécies dependentes das zonas húmidas sofreram uma redução de 39% na abundância entre 1970 e 2012. Desde 2005, o índice tem registado um ligeiro aumento. Algumas espécies de aves mostra um aumento nos seus número a partir dessa altura.

Índice Living Planet para as zonas húmidas entre 1970 e 2012
(Fonte: Relatório Living Planet 2016)

Rios

Historicamente, os rios têm sido extensivamente alterados para desenvolvimento urbano, transporte, protecção contra cheias, fornecimento de água e geração de energia. Pelo menos 3.700 grandes barragens estão planeadas ou em construção para geração de energia hídrica ou irrigação, principalmente em países com economias emergentes. Cerca de 48% do volume dos rios a nível global já está alterado por regulação e/ou fragmentação dos fluxos.

As barragens alteram o fluxo, a temperatura e o transporte de sedimentos dos rios. Além disso, as barragens inibem a migração, afectando o regular movimento e distribuição das espécies. A análise global das populações de peixes mostra que em média, a abundância de espécies de peixes que migra dentro do habitat de água doce e entre o habitat de água doce e o marinho decresceu cerca de 41% no total entre 1970 e 2012, com um decréscimo anual de 1,2%.

Índice Living Planet para peixes migratórios
(Fonte: Relatório Living Planet 2016)

Embora a informação relativa às ameaças para muitas populações esteve indisponível, para as populações onde a informação estava acessível, quase 70% estão ameaçadas pela alteração do seu habitat. O que provavelmente explica o quadro geral de declínio.

O aumento registado depois de 2006 ocorreu em várias espécies migratórias de peixes: o que pode indicar os benefícios observados em regiões onde se registaram melhorias na qualidade da água e da introdução de zonas de passagens para os peixes para permitir a migração onde foram instaladas barreiras.

Fonte:
Relatório Living Planet 2016
(https://www.worldwildlife.org/pages/living-planet-report-2016)